O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) concederá o prêmio “A Alma da Ruralidade” à cacique Katia Silene Tonkyre, da aldeia Akratikatejé, localizada no estado do Pará, na Região Norte do Brasil. Este reconhecimento é fruto das notáveis iniciativas da líder na organização e dedicação para empreender, coletar e produzir, enquanto simultaneamente educa e conscientiza sobre a importância da conservação e proteção ambiental na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia.

Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, destaca que esse prêmio é destinado àqueles que desempenham um papel vital, garantindo a segurança alimentar e nutricional, ao mesmo tempo em que preservam a biodiversidade do planeta. Ele ressalta a importância de destacar lideranças na região amazônica, representando comunidades vulneráveis.

Dentro do programa Líderes da Ruralidade, o IICA visa utilizar esse reconhecimento para estabelecer parcerias com organizações oficiais, da sociedade civil e do setor privado, buscando apoio para causas relevantes.

“Essas são pessoas cujo impacto se reflete em cada alimento que consumimos, em cada pedaço de terra produtiva e nas comunidades que habitam. São indivíduos que personificam a alma da ruralidade, contribuindo através da produção, plantio, colheita, inovação, ensino e proteção”, acrescenta Otero. “Elas são exemplos vivos, superando adversidades e inspirando transformações.”

A aldeia Akratikatejé localizada no estado do Pará. | Foto: IICA

Katia Silene Tonkyre, a Visionária Cacique

As imagens de satélite do Google Maps revelam a reserva indígena Mãe Maria como um exuberante e impenetrável tapete verde. Katia Silene Tonkyre, a primeira mulher cacique da aldeia Akratikatejé no estado amazônico do Pará, dedica-se diariamente à proteção dessa floresta tropical nativa e intocada.

Com cerca de 3.500 habitantes distribuídos em 63.000 hectares de reserva, Katia lidera uma das 27 aldeias, composta por 85 indígenas de 23 famílias da etnia Gavião da Montanha. Sua principal atividade é a coleta, produção e venda de castanhas, pescado, mel e frutas.

A cacique, reconhecida pelo IICA como Líder da Ruralidade das Américas, é filha do respeitado cacique Payaré, já falecido, que introduziu na aldeia a ideia de empreendedorismo e produção sustentável, beneficiando a comunidade com a organização da coleta e produção de diversos produtos amazônicos.

Katia aprimorou esse legado, estabelecendo parcerias e implementando ações que contribuíram para o bem-estar da comunidade. Ela destaca a importância de um projeto sustentável que valorize os produtos locais sem destruir a natureza.

“A natureza e a floresta são intrínsecas a nós. Somos a Amazônia, somos a floresta. Cada árvore que morre representa uma parte de nós, pois somos as raízes dessa floresta. A castanha é nosso ouro, assim como o açaí, cacau e peixes. Valorizamos nossa produção sem agredir a natureza”, afirma Katia.

Apesar das dificuldades enfrentadas durante sua infância, Katia busca expandir as atividades da aldeia, aumentando a produção de milho, mandioca e frango, melhorando a comercialização de pescado e desenvolvendo infraestrutura turística para atrair visitantes à reserva.

“Nosso caminho é a produção sustentável, realizando o sonho de meu pai, o cacique Payaré, de um povo Akratikatejé autônomo, com a floresta preservada”, conclui Katia.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)ODS 15 – Vida Terrestre; e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes.

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