O governador Ronaldo Caiado (DEM) acrescentou nesta quinta-feira (22) um novo episódio à briga política com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Em entrevista à imprensa de Luziânia, Caiado voltou a atacar os governos anteriores ao falar sobre as obras e benefícios que seu governo pretende levar para a região. Em duas entrevistas, o governador abordou três pontos: os incentivos fiscais concedidos anteriormente, irregularidades na Saneago e desvio de recursos públicos que deveriam atender demandas população.

Caiado mostrou a lista das 100 maiores empresas beneficiadas com incentivos fiscais e que foram notificadas pela CPI da Assembleia Legislativa a comprovarem que cumpriram as contrapartidas para receberem o benefício. Segundo ele, apenas uma das 100, a Goiás Verde Alimentos, encontra-se no Entorno do Distrito Federal. Nenhuma delas estaria localizada no Norte ou no Nordeste goiano.

“Goiás ficou nas mãos de uma quadrilha que escolhia as pessoas que deviam receber incentivos fiscais, beneficiando uma minoria e privando a maioria dos goianos da oportunidade de emprego”, disse para emendar: “A política agora é fazer com que o dinheiro chegue na melhoria da qualidade de vida da população. Esse é um governo que enfrenta quadrilha para fazer o dinheiro chegar”.

A entrevista transformou-se em um minicomício. Lideranças políticas presentes aplaudiram Caiado e gritaram: “O Brasil mudou, Goiás mudou e os municípios vão mudar”, numa referência às eleições para prefeito e vereador em 2020. Ao comentar a crônica falta de água na região, Caiado novamente atacou: “A Saneago foi usada por uma quadrilha para assaltar o Estado de Goiás e não para melhorar a vida da população”. O governador repetiu o verbo assaltar e a palavra quadrilha várias vezes.

E continuou com proselitismo político: “Obras que ficaram paradas a tantos anos e em sete meses vou abrir as torneiras e dar água para esse povo. Gente, o que é isso? Isso é que é governo. Isso me anima e o povo goiano vai abraçar, o povo do Entorno vai dizer que o Entorno é do Estado de Goiás e vai ter orgulho de ser de Goiás.”

Esta é a quarta entrevista de Caiado em que ele ataca Marconi e seus governos. Começou na quinta-feira (15) em Muquém, quando ele disse que Goiás era a Disney da corrupção. No domingo (18), Marconi respondeu por meio de uma carta e o chamou de “canalha” e de “impostor”. No mesmo dia, em Cidade Ocidental, durante o 5º Encontro Nacional de Nordestinos, o governador respondeu, afirmando que “Marconi é um chefe de quadrilha. 

Na segunda-feira (19), Marconi divulgou sua segunda carta, em que acusa Caiado de fazer um “governo fake” e que o levaria à justiça por calúnia e difamação.  No dia seguinte, durante visita a Catalão, o governador concedeu entrevista à Rádio Nova Liberdade FM e atacou ainda mais seu adversário político. Ele desafiou Marconi a mostrar quem pagou contas de suas filhas na Suíça e as festas de casamento delasNovamente o ex-governador respondeu por meio de uma carta. Disse que aceitava o desafio de Caiado. 

Hoje o governador seguiu no mesmo tom dos discursos anteriores. Aproveitou também para fazer promessas de serviços e obras para a região, nas áreas de saneamento, segurança pública e educação. Entre seus compromissos está o de que vai acabar com o quarto turno em escolas de Luziânia e Águas até o fim deste ano ou início de 2020. Por falta de vagas, o Estado implantou há cerca de quatro anos mais um turno nas escolas da região que Caiado denomina de “turno da fome”.

A turma ganhou esse nome porque funciona entre 11 horas e 14h45, horário que os estudantes não conseguem almoçar. A escola oferece apenas um lanche. A Secretaria de Educação (Seduc) informa que com a conclusão das turmas do Profen (Programa de Fortalecimento do Ensino Médio Noturno) houve liberação de salas nas escolas. Além disso, houve remanejamento de estudantes para outras escolas. A Seduc informa que conseguiu remanejar 80% dos alunos deste turno para turmas normais em Luziânia e que espera eliminar o turno nas demais escolas da cidade e de Águas Lindas até o início do próximo ano letivo.

O governador vai passar esta quinta e a sexta-feira no Entorno atendendo prefeitos e demais lideranças locais. Está previsto para hoje almoço dele com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), com quem ele já teve atritos por conta na tentativa do governo federal de criar a Região Metropolitana do Distrito Federal. A Medida Provisória, que tinha apoio de Ibaneis, caducou no Congresso Nacional porque não foi votada em tempo hábil.