O secretário de Saúde de Goiânia, Durval Pedroso, afirmou em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (17/3) que a nova variante de Manaus (AM) está ganhando força na capital. A nova Cepa foi identificada em 28 das 30 amostras analisadas. Ele alertou que a situação de Goiânia só não se igualou a de Manaus por causa da abertura rápida de leitos, mas a ampliação já chegou no limite.

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No início do mês de março, a prefeitura de Goiânia solicitou o sequenciamento genético de 30 amostras aleatórias que foram captadas na Grande Goiânia. A análise foi feita junto ao Hospital das Clínicas, da Universidade Federal de Goiás. Das 30 amostras, 28 são da Cepa P1 de Manaus, o que representa uma taxa de 93% de incidência.

A nova variante é mais agressiva e contagiosa. Segundo Durval, as suspeitas da possibilidade da circulação da P1 surgiram com o aumento súbito de internações. “Observamos uma crescente nos pedidos de internação hospitalar, bem como as condições de gravidade dos pacientes que estavam sendo hospitalizados. Goiânia não se transformou em Manaus por causa da abertura rápida de leitos. Isso permitiu que as pessoas não ficassem nos cais, nas Upas, aguardando por leitos sem ao menos ter acesso ao atendimento”, reforçou Durval.

Em entrevista à Sagres, na manhã de hoje, o professor titular do Departamento de Ecologia & Evolução do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás, José Felizola, já havia demonstrado a preocupação com a circulação da P1 em território goiano. “Porque se ela já é dominante, significa que a gente está em uma situação que as coisas estão crescendo muito, mas é onde ela vai chegar e já é suficientemente ruim”, ressaltou.

O secretário Durval fez um alerta de que os dados preocupam, uma vez que a capacidade de ampliação de leitos chegou ao limite. “Não é mais possível a ampliação. Encontramos uma grande dificuldade de acesso a medicações e constituição de equipes com médicos, enfermeiros. É um cenário de muita gravidade e chamamos a população a entender da sua responsabilidade. Em algum momento não terá mais leitos e os pacientes terão de agonizar esperando um”, afirmou.

O secretário pontuou as ações da secretaria ao reforçar o esforço feito pela administração municipal. Entre os pontos destacados estão a testagem em massa – com a realização de mais de 10 mil testes por semana -, a abertura de mais de 300 leitos de UTI, ampliação de atendimento nas UPAs, além do processo de vacinação.

Mesmo com essas ações, ainda há dificuldades na restrição da propagação do vírus. “Nós estamos vacinando os idosos com mais de 75 anos e a quantidade de vacinas que temos ainda não permite a proteção adequada da população. As restrições e isolamento social descritos no decreto devem ser levados em conta em um cenário grave. Enquanto médico e secretário me sinto na obrigação de chamar a responsabilidade de todas as pessoas pelo compromisso com a vida”, reforçou.

“Nós precisamos que o vírus não circule para que o sistema de saúde consiga atender as pessoas que já estão internadas e as novas vagas que ainda podemos ser abertas servirem de retaguarda para que outras pessoas possam ser atendidas”, complementou.

CEPA P1

A variante P1, identificada pela 1ª vez em Manaus tem maior poder de contágio e provoca a internação de pessoas mais jovens, diferentemente do que se observava na onda anterior do ano passado, quando pessoas mais idosas e com comorbidades eram mais hospitalizadas. “Hoje, o cenário mostra pessoas mais jovens em situações grave, isso é o reflexo dessa cepa mais agressiva”, alertou o secretário.

Primeiros 15 dias de decreto

Goiânia vive um cenário de restrições do comércio desde o dia 1º de março. Esta semana, a capital está seguindo o terceiro decreto, que teve medidas ainda mais rigorosas, adotando o revezamento. Para Durval, as ações que limitavam a circulação das pessoas ainda não surtiu efeito.

“Essa realidade de diminuição da circulação do vírus ainda não pode ser observada. Por isso da importância desses próximos 14 dias serem fundamentais para que o sistema de saúde consiga atender as pessoas”, destacou.

O cenário da segunda onda é mais preocupante do que a primeira onda, segundo o secretário. “Nós tivemos uma situação em que em menos de 96 horas, saímos de uma taxa de ocupação de 70% pra mais de 95%”.