A série especial da Sagres Inspiração da Natureza já mostrou de que maneira a biomimética se conecta à sustentabilidade, e como é possível aprimorar conhecimentos a partir da observação da natureza, seja na identificação e tratamento de doenças, plantio e reflorestamento, melhorias na performance e qualidade no esporte, e lições para a educação e a vida.

Nesta sexta-feira (4), em entrevista ao Sagres Em Tom Maior #449, a designer de Interação e mestre em Crítica e História de Arquitetura e Urbanismo Ana Catharina Marques, esclarece como a biomimética pode ajudar as pessoas a se organizarem e superarem as fragilidades da política.

Assista à entrevista na íntegra:

Fatores como o aquecimento global, a degradação do meio ambiente, desigualdades sociais e dificuldades de acesso à saúde, educação e cidadania estão ainda mais interligados ao meio político, principalmente por conta do momento de crise gerado pela pandemia. Mas como a biomimética pode ajudar para que a humanidade evolua a tempo de frear esses processos, amplamente discutido por políticos mundo afora?

Inicialmente, Ana Catharina explica que a biomimética não se propõe a copiar coisas e reproduzir, mas a entender forma, função, causa e efeito de algum organismo. Um exemplo de organização política pode ser encontrado nas formigas.

”Existem espécies diferentes de formigas que vivem em uma única comunidade. Cada uma tem uma função, uma ação, e o ecossistema funciona, cresce e se desenvolve a partir de uma organização pré-estabelecida enquanto sociedade daquele conjunto de indivíduos distintos”, exemplifica.

Segundo Ana Catharina, a biomimética não propõe que a sociedade aja exatamente como as formigas, utilizando o exemplo acima, mas que as pessoas entendam como o sistema organizado por esses seres vivos funciona. Essa é uma das propostas do livro ”Políticas da Natureza”, do escritor francês Bruno Latour.

”Ele [Latour] vê o contexto da pólis [cidade] muito mais amplo, sem excluir a natureza que nos cerca e faz parte dessa pólis. Ele acrescenta elementos da natureza no jogo político que a gente conhece. Na Câmara, por exemplo, um deputado poderia ser a voz da água. Latour traz uma teoria filosófica em que a natureza começa a receber voz, e o nosso processo político começa a ser muito mais sustentável, porque a gente tira a visão apenas humana, e coloca nossa visão naturalista”, relativiza.

À direita, Ana Catharina Marques no STM com Jéssica Dias e Samuel Straioto (Foto: Sagres TV)

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