A pesquisadora Júlia Brandão Gontijo observa em seu doutorado conduzido no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP que o clima pode alterar a emissão e a captação de metano na Amazônia. Segundo a pesquisa, a condição de seca diminui em 70% o potencial de consumo de metano da floresta, enquanto em épocas de chuva há um aumento na produção do gás.

Brandão notou que as condições extremas de temperatura e umidade, seja chuva ou seca, podem aumentar o volume de microrganismos produtores de metano na floresta. É importante saber disso porque mais de 800 mil quilômetros quadrados de planícies da floresta amazônica são inundados por seis meses do ano.

Ou seja, 20% da extensão total da região é inundada por causa das precipitações. A ação microbiana na floresta é o que causa a alteração na emissão e na captação de metano na região. A floresta amazônica é capaz de captar metano da atmosfera e, portanto, atua na regulação das emissões. Mas pesquisas também mostram que áreas inundáveis da Amazônia são responsáveis por até 29% das emissões globais do metano.

Políticas públicas

Diante do estudo, Júlia se pergunta: “o que poderíamos esperar em cenários de mudanças climáticas, considerando as previsões de alteração nos padrões de chuva e de temperatura, com extremos mais intensos?”.

Não há uma resposta concreta para as alterações que estão em curso, mas a pesquisadora aponta que os resultados mostram a necessidade de políticas de conservação e manejo. “De qualquer forma, as informações de que dispomos já são extremamente importantes e podem ser utilizadas na elaboração de políticas públicas”, diz.

Para a pesquisa, Júlia Brandão Gontijo realizou um experimento de 30 dias com amostras de solo das cidades de Santarém e Belterra, as duas localizadas no Pará. O resultado do estudo está publicado na revista Environmental Microbiome.

*Com CicloVivo

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.

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