O Hino Nacional do Brasil e sua história está presente nas nossas vidas desde a infância. Primeiro, quando crianças, aprendemos a letra para cantar nas escolas. Posteriormente, podemos perceber a presença em eventos de colação de grau, sessões políticas e até mesmo em competições esportivas.

A história do Hino começa no dia 13 de abril de 1831, quando foi tocado pela primeira vez no Rio de Janeiro. Por conta disso, ficou estabelecido que a data celebraria a solenidade.

De acordo com o artigo 25 da Lei nº 5.700, de 1º setembro de 1971, há seis circunstâncias legais em que se exige a execução do Hino Nacional do Brasil. São elas: contingência à Bandeira Nacional, ao Presidente da República, ao Congresso Nacional incorporado, ao Supremo Tribunal Federal (STF) incorporado, nas cortesias internacionais e no hasteamento semanal obrigatório da Bandeira Nacional nas escolas.

Mas você conhece a História do Hino Nacional do Brasil? Francisco Manuel da Silva e Osório Duque Estrada compuseram a melodia e a letra, respectivamente, porém não é apenas isso.

Sendo assim, o Sistema Sagres de Comunicação entrevistou o historiador e professor de geopolítica, Norberto Salomão, para conhecer mais sobre a história do Hino Nacional do Brasil. De acordo com o especialista, o símbolo é repleto de curiosidades.

Composição musical

Dizer que uma pessoa fez a melodia e outra a letra dá a entender que ambas foram contemporâneas e trabalharam juntas. Apesar disso, Norberto Salomão explica que primeiro veio a melodia, em 1831, quando houve a abdicação de Dom Pedro I pelo trono, em 7 de abril do mesmo ano.

“A composição na verdade era um passa-fora, tinha quase que um caráter de aversão ao português. No dia 13 de abril, foi executada pela primeira vez, quando Dom Pedro I já estava fora do Brasil, que entraria no período regencial até 1940. Na coroação de Dom Pedro II houve a execução desse hino e depois também em homenagem aos combatentes da Guerra do Paraguai”, relembra.

Entretanto, o hino continuava apenas em melodia, sem uma letra para acompanhar. De acordo com Norberto Salomão, o estilo seguia uma inspiração ao romantismo, movimento artístico e cultural que exaltava a subjetividade.

“Evoca o patriotismo, busca mexer com as emoções, retirar do indivíduo aquilo que ele tem mais de vibrante dentro de si. Então, essa que foi a ideia”, explica.

Letra

Osório Duque Estrada nasceu 39 anos depois da criação da melodia, ou seja, em 1870. Além disso, o compositor da melodia, Francisco Manuel da Silva, morreu cinco anos antes, em 1865. Depois, já no século XX, em 1909, Norberto Salomão destaca que houve um concurso para criação da letra do Hino Nacional do Brasil.

“No período do governo de Afonso Pena, foi feito um concurso para colocar uma letra no hino. Já tinham tentado alguma coisa antes, mas sem êxito. Sendo assim, o Osório Duque Estrada venceu, ganhou o prêmio, mas não foi oficializado em 1909”, ressalta.

Somente em 1922, marcando 100 anos de independência do Brasil, ocorre a oficialização da letra de Osório Duque Estrada para o Hino Nacional do Brasil.

Professor Norberto Salomão | Foto: Sagres TV

“Ele era poeta do parnasianismo, então a letra tem esse tom, estilo literário do período, do qual fez parte Olavo Bilac. Somente no governo de Epitácio Pessoa é que ocorre a oficialização da letra e se efetiva mesmo como Hino Nacional”, destaca Salomão.

Estilo parnasiano

A ideia do parnasianismo era a busca pela perfeição formal, valorizando o positivismo e a ciência acima de qualquer outro sentimento humano. Com descrições mais precisas, vocabulário empolado, erudito, a letra buscava um apego ao tradicionalismo.

“Remetendo até um caráter que tentava mesclar aqueles mitos gregos do Monte Parnaso com a questão mais universal. Então, essa é a ideia, a rima, a métrica, o equilíbrio. Isso, para quem está ouvindo, a ideia era passar quase que uma imagem clara daqueles eventos, mas dentro de uma alegoria muito grande”, esclerece o historiador.

Não à toa percebemos no Hino Nacional do Brasil termos como ‘brado retumbante’, ‘raios fúlgidos’, ‘impávido colosso’, ‘fulguras’, entre outros. Para Norberto Salomão, isso justifica a compreensão da letra, inclusive nos dias atuais.

“São palavras que fogem muito do nosso vocabulário comum. Por isso que há uma certa ideia bem diferente nesse sentido. O curioso é que esses versos parnasianos são oficializados justamente em 1922. Momento em que está tendo uma outro corrente de pensamento, o modernismo, lá na Semana de Arte Moderna no centenário da Independência do Brasil”, pontua.

Há uma banalização do Hino do Brasil?

Como colocado anteriormente, o contato com a execução do Hino Nacional do Brasil está muito presente nas nossas vidas.

No entanto, Norberto Salomão não enxerga com uma banalização, pelo contrário. Para o historiador, talvez é uma forma de popularização.

“Nos Estados Unidos, por exemplo, em todas as cerimônias, nas mais simples, o hino nacional é executado e cantado pelas pessoas. Lembrando que o hino é um dos símbolos nacionais, consta de legislação, como o brasão da República, enfim”, argumenta.

Curiosidade

A composição do Hino Nacional do Brasil chama uma outra atenção para o fato histórico. Como a melodia veio primeiro, Francisco Manuel da Silva compôs ainda no regime de monarquia.

Já a letra foi escrita e oficializada sendo República, no governo do presidente Epitácio Pessoa. “Houve até a tentativa de se fazer um outro hino, foi feito o concurso, mas muitos elementos falaram que precisava manter a melodia de Francisco da Silva. Então, é uma mescla interessante”, destaca o professor de geopolítica.

*Esse conteúdo está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 04 – Educação de Qualidade

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