A pandemia do novo coronavírus trouxe consigo outro fenômeno: a infodemia. A primeira grande crise na saúde mundial na era da abundância de informações faz com que haja bombardeios por todo tipo de conteúdo, e infelizmente, muitos deles não são confiáveis.

De acordo com o psicólogo e psicanalista Robson Paiva, o consumo excessivo desse tipo de conteúdo, em especial as notícias falsas, as chamadas fake news, causa sofrimento e angústia.

“Além do bombardeio nas notícias, também tivemos notícias conflituosas. Isso tudo vai gerando angústia nas pessoas, gera imprevisibilidade quanto ao futuro, e é justamente isso que os órgãos mundiais estão começando a discutir: até onde esse excesso de informação não começa a fazer lesões ao psiquismo das pessoas”, questiona, em entrevista ao Tom Maior desta quinta-feira (13).

Segundo Robson Paiva, o adoecimento causado pela infodemia pode levar a um quadro de ansiedade que pode culminar em uma depressão.

“Quando ela começa a deixar de fazer as coisas que ela habitualmente fazia, para ir atrás do consumo de informação, quando começa a se sentir angustiada com a falta de uma informação nova, isso tudo pode ir gerando o adoecimento e vai gerar um quadro ansioso e, eventualmente, um quadro de angústia, depressão, e por aí vai”, enumera.

Neste mês de agosto, o termo infodemia foi discutido em um documento publicado na revista The Lancet que sintetiza o resultado da Primeira Conferência de Infodemiologia da Organização Mundial da Saúde (OMS) e lança um alerta sobre o assunto, que já vem sendo discutido, inclusive em outros países que enfrentam o combate ao coronavírus.

De acordo com o especialista, a pessoa só precisa de ajuda psicológica quando ela não é capaz de lidar com as questões.

“Cada um deve ficar na sua área de conhecimento. O problema é que esses regimes de busca, Google e etc, trouxeram falsas verdades da internet. E a pessoa começa a procurar aquilo, e isso vai despertando em pessoas predispostas a um adoecimento psicossomático a fazer o sintoma. A pessoa não tem a doença e faz o sintoma”, afirma.

Assista à entrevista na íntegra no Tom Maior #75