A Conferência das Nações Unidas Contra as Mudanças Climáticas (COP 28) terminou no último dia 12. O grande acordo da cúpula internacional foi a decisão pelo afastamento dos países do uso de combustíveis fósseis. Isto é, o mundo precisa com urgência de uma transição energética para impedir uma catástrofe climática que poderia inviabilizar a vida no planeta. Mas e a preocupação com o Cerrado? É a mesma que a comunidade internacional tem em relação à Amazônia?

Esta edição do Pauta 1 buscou entender que lições a COP 28 deixa para o Brasil, em especial para a região central do país. Afinal é aqui que estão Goiás e Tocantins, berços do Cerrado e, em partes, da floresta amazônica. Para isso, a Sagres convidou os secretários de Meio Ambiente dos dois estados, que estiveram presencialmente na conferência.

Segundo a secretária estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-GO) de Goiás, Andréa Vulcanis, o Cerrado, a chamada “caixa d’água do Brasil”, segue desconhecido pelo resto do planeta, já que as atenções mundiais se voltam para a região amazônica. A titular da Semad-GO, no entanto, avaliou que a COP 30, que ocorrerá em Belém-PA em 2025, será uma grande oportunidade para que o mundo conheça o segundo maior bioma maior bioma da América do Sul, e corresponde a 22% do território nacional.

Assista a seguir ao Pauta 1 #13

“As pessoas lá não fazem ideia [do que é o Cerrado], e a própria visão que se tem sobre a Amazônia é um pouco distorcida, como se fosse uma terra onde só houvessem as comunidades tradicionais, indígenas. A Amazônia tem 20 milhões de habitantes, tem cidades, tem um mundo. Só o estado do Amazonas representa [o tamanho de] Portugal, Espanha e França juntos, e que tem 98% de área conservada. O olhar internacional sobre o Brasil não enxerga a realidade. Essa COP 30 será importante para que venham para cá conhecer como a gente vive, como é a realidade brasileira, tão distinta e tão diversa”, analisa.

Redução de carbono

O secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) do Tocantins, Marcello Lelis, diz que o estado, que possui Cerrado e Amazônia em seu território, vem colhendo os frutos do Acordo de Paris, celebrado em 2015, com a comercialização dos créditos de carbono.

“Esse acordo criou, entre diversas outras coisas, um mecanismo que chama REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação). São programas de redução de emissão de gases do efeito estufa e o desmatamento e degradação. No dia 5 de junho, o Tocantins assinou esse acordo na Suíça e hoje recebe recursos financeiros baseado nesse mecanismo criado no Acordo de Paris”, afirma Lelis.

O secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Tocanrtins, Marcello Lelis, concedeu entrevista de forma virtual (Foto: Sagres Online)

Em 2023, o Tocantins se consolidou como o primeiro Estado subnacional a entrar no mercado voluntário internacional de carbono florestal jurisdicional. Antes, apenas duas nações – Guiana e Costa Rica – haviam realizado o feito.

“Só o fato de esse documento [conclusão da COP 28] sinalizar pela primeira vez o afastamento dos combustíveis fósseis em um continente, em um país que produz muito petróleo, eu considero um avanço que a gente vai sentir mais concretamente nos próximos anos”, pontua o secretário.

Enfrentamento

Em Goiás, Andréa Vulcanis destacou o Plano de Ação para Enfrentamento às Mudanças do Clima. O lançamento do pacto ocorreu em setembro, durante o Seminário Internacional das Águas, em Rio Quente.

“O papel da Semad-GO é unir todos os setores envolvidos para que a gente pense o que Goiás quer ser e quais caminhos nós vamos conduzir para que esse desenvolvimento aconteça e que não prejudique populações inteiras, e que possamos fazer isso com sustentabilidade”, afirma Vulcanis.

Com o plano de ação, a meta da Semad-GO é zerar as emissões de carbono até 2050, aumentando o desenvolvimento de uma matriz produtiva que seja tecnologicamente sofisticada, ambientalmente limpa e economicamente competitiva no mercado nacional e internacional.

“A gente volta da COP 28 com esse desafio. Como a gente olha para o nosso estado de Goiás e faz as medidas que são necessárias para avaliação de risco, mitigação de risco, como olhamos para as comunidades vulneráveis para que elas estejam mais protegidas e para que evite mortes e tantas perdas que estão previstas em razão desses efeitos das mudanças do clima”, conclui Vulcanis.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra as Mudanças Climáticas

Confira outras edições do Pauta 1