Na abertura da COP29, em Baku, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, afirmou que o petróleo e o gás são “presentes de Deus” e que os países ricos em combustíveis fósseis não deveriam ser culpados pelo uso desses recursos naturais. A conferência, que reúne quase 75 líderes mundiais, traz à tona tensões entre nações produtoras de energia e os objetivos de sustentabilidade.
Aliyev enfatizou que “petróleo, gás, vento, sol, ouro e outros recursos” são dons naturais e que não é justo culpar os países por aproveitá-los para atender ao mercado global, que depende dessas fontes. Em seu discurso, o presidente reforçou que esses combustíveis são essenciais para a segurança energética, lembrando que a própria União Europeia solicitou ao Azerbaijão o aumento das exportações de gás para apoiar sua estabilidade energética.
Em seguida, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou o compromisso essencial da COP29: garantir um novo financiamento para o combate às mudanças climáticas. Ele ressaltou que os países em desenvolvimento não podem deixar a conferência de Baku “de mãos vazias”, pois dependem de recursos para mitigar os efeitos do aquecimento global.
Atualmente, os países desenvolvidos fornecem cerca de US$100 bilhões por ano aos países em desenvolvimento, destinados a ações de adaptação e mitigação climática. No entanto, especialistas e representantes dos países vulneráveis defendem que esse valor deve ser multiplicado pelo menos dez vezes.
Ausências e desafios na COP29
A COP29 enfrenta desafios, com ausências de líderes importantes, como os de Brasil, Índia e França, além de concorrer com o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que ocorrerá no Peru. A aprovação da agenda da conferência também enfrentou entraves, mas, apesar disso, um marco foi alcançado: a regulamentação do mercado de carbono, um tema pendente há anos.
Enquanto o mundo caminha para um novo recorde de temperatura média em 2024, o consumo de combustíveis fósseis não diminui, e a necessidade de fontes energéticas estáveis segue em alta. Um dos objetivos centrais do Acordo de Paris é limitar o aquecimento global a um aumento de 1,5°C.
No entanto, com a contínua dependência de carvão, petróleo e gás, as emissões de gases de efeito estufa permanecem em níveis elevados, dificultando o cumprimento das metas climáticas. Esta edição da COP é a segunda realizada em um país rico em hidrocarbonetos, após a edição nos Emirados Árabes Unidos.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima