A COP30, marcada para ocorrer em Belém em 2025, tem gerado preocupações tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Críticas à meta climática brasileira, dúvidas sobre a infraestrutura da cidade-sede e a ausência de uma liderança definida colocam em xeque o papel do Brasil como anfitrião da Conferência do Clima da ONU.

Anunciada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin na COP29, no Azerbaijão, a meta climática do Brasil, conhecida como NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), foi alvo de severas críticas de ambientalistas e especialistas. A proposta prevê reduzir entre 850 e 1.050 megatoneladas de emissões de gases de efeito estufa, o que equivale a uma redução de 59% a 67% em relação a 2005.

Contudo, a meta é considerada insuficiente para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, objetivo crucial para evitar desastres climáticos irreversíveis, segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Além disso, a NDC falha em comprometer-se com o fim do desmatamento até 2030 e com a interrupção da expansão de combustíveis fósseis, pontos essenciais para uma agenda climática ambiciosa.

Enquanto alguns aspectos, como metas de adaptação, foram bem recebidos, a falta de ousadia no combate às mudanças climáticas ameaça a credibilidade brasileira na COP30. Outro ponto de incerteza é a escolha do presidente da COP30, responsável por mediar negociações entre países.

Marina Silva

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é um nome forte devido à sua reputação internacional e histórico no combate ao desmatamento. No entanto, ela enfrenta resistência de setores do agronegócio e do Congresso Nacional. Outros nomes cogitados incluem Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, embora ambos tenham demonstrado desinteresse.

A indecisão reflete a fragilidade política do governo Lula, que busca evitar conflitos internos em um momento de baixa popularidade. Essa postura pode comprometer a liderança brasileira na condução de negociações climáticas globais. A escolha de Belém como sede da COP30 também é alvo de questionamentos.

A cidade enfrenta desafios de infraestrutura, com uma capacidade limitada de hospedagem e uma malha urbana pouco preparada para receber um evento de grande porte. Com menos de 18 mil leitos disponíveis, alternativas como o uso de navios atracados e residências particulares estão sendo avaliadas.

Brasil em xeque

O simbolismo de sediar a COP30 em um país democrático, após três edições realizadas em regimes autoritários, é forte, mas a infraestrutura precária pode limitar a participação de movimentos sociais, ONGs e universidades, restringindo o evento a diplomatas e autoridades.

As decisões tomadas pelo Brasil em relação à COP30 podem definir seu papel na agenda climática internacional. Para reconquistar a confiança global e consolidar sua liderança, o país precisará mostrar ambição nas metas climáticas, organização logística impecável e uma liderança clara e representativa.

Com a COP30 marcada para revisar as metas do Acordo de Paris após uma década, o Brasil terá a oportunidade de liderar um momento histórico na luta contra a crise climática. Contudo, as críticas atuais evidenciam que o país ainda tem muito a ajustar para estar à altura desse desafio.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU)ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima

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