A Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) oferece uma série de atividades para alunos de diferentes áreas. Uma dessas atividades é a oficina de robótica, que acontece duas vezes por semana, às quartas e quintas-feiras, das 19h às 21h, na Escola do Futuro do Estado de Goiás (EFG) Luiz Rassi, localizada no Jardim Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia.

Leia também: Estudantes da rede pública aprendem sobre uso consciente de energia elétrica no interior de Minas Gerais

O curso é ministrado por Vitor Gomes Cerqueira, coordenador dos Serviços Tecnológicos e Apoio à Inovação (STAI), e conta atualmente com 30 alunos, sendo que destes 27 são mulheres. O número surpreende o professor, que valoriza a presença feminina na oficina.

“É bem surpreende a maioria ser mulher. Uma área antes dominada pela figura masculina e hoje em dia tem mais mulheres do que homens. Quando iniciamos as oficinas e fomos às escolas fazer a divulgação, as meninas foram maioria. Elas são bem participativas e não só por diversão ou conhecimento, mas pensam como algo para o futuro profissional e mercado de trabalho”, disse Vitor Cerqueira.

Alunas se destacam

Algumas das alunas que integram a oficina de robótica são Raissa Costa, Andrea Victorya Cosmos e Danielly Khalil, todas de 17 anos. Elas fizeram parte do grupo que representou Goiás na IronCup, competição que analisa a capacidade de construção de robôs.

As três estudam no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Garavelo Park e conheceram a robótica através do professor Pedro Henrique Santana durante um projeto de iniciação científica. Ele foi o responsável por apresentar a Escola do Futuro do Estado de Goiás para os alunos.

Raissa, por exemplo, se achava distante da robótica por estudar em escola pública e considerar a atividade como algo caro, de “elite” e que, na visão dela, era “coisa de filme”. Com o sonho de cursar Farmácia, ela quer levar a robótica como um ‘hobby’, mas mesmo assim celebrou o crescimento da presença feminina na área de ciências e tecnologia.

“Isso é uma raridade na área de robótica, tanto que na competição da IronCup a equipe Rassilianos era a única composta somente por mulheres. Acho excelente, pois vemos que as mulheres estão se interessando pela área e finalmente conquistando seu espaço, mostrando que lugar da mulher é onde ela quer e não na cozinha, como muitos indivíduos pensam”, destacou Raissa.

Raissa durante oficina de robótica

A robótica também não é a prioridade da Andrea, que vai prestar vestibular para Medicina. Mas como ela sempre gostou da área, tem planos para aliar os dois sonhos no futuro. “Depois que eu comecei a fazer o curso, adicionei a robótica no meu projeto de vida para desenvolver robôs para auxílios de cirurgias e pesquisas”, contou.

Leia também: Investimento em jovens talentos resulta em benefícios para empresas e aprendizes

Ela também celebrou o fato de as mulheres serem maioria na EFG. “Acho incrível porque a área da robótica é um pouco machista e mais reservada para homens. A gente ter formado uma equipe com mais mulheres foi incrível de verdade, isso só mostra que as mulheres podem, sim, estar em todo lugar”, comemorou Andrea.

Enquanto isso, Danielly Khalil, que já se interessava pelo assunto, teve a certeza de que quer cursar Ciências da Computação após iniciar as oficinas de robótica. Segundo a jovem, ter 90% do grupo formado por meninas traz uma nova perspectiva para o setor.

“Quando você percebe que tem mais mulheres do que homens no curso, é uma quebra de expectativa. A robótica em geral tem um olhar mais masculino, mais machista, onde apenas homens podem atuar. Mas lá [na Escola do Futuro] não é assim, tanto as mulheres quanto os homens conseguem fazer as mesmas funções. Isso dá um novo olhar para as mulheres na robótica. Assim, nós mulheres teremos mais visibilidade e mais oportunidade de emprego”, analisou.

Oficina de robótica na Escola do Futuro do Estado de Goiás (EFG)

Mercado de trabalho

De acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi) e o relatório Elsevier Gender in The Global Research Landscape (Gênero no cenário da pesquisa global, em tradução livre), 40% dos pesquisadores em nove das 12 regiões analisadas em 2017 – incluindo o Brasil – são mulheres.

Em solo brasileiro, esse número estava mais perto da realidade na época, com 49% dos autores de pesquisas e artigos científicos sendo mulheres. De 2011 a 2015, o aumento foi de 11% no mercado brasileiro. Hoje, a expectativa é que esse número possa ter crescido e agora esteja refletindo nas escolas.

“O aumento [de meninas nas aulas] se dá pela representatividade. Hoje em dia tem grandes mulheres representando em áreas da Engenharia e grandes empresas de software. Então, elas se espelham e se inspiram para entrar nesse meio antes dominado por homens”, afirmou Vitor Cerqueira, mentor do grupo de estudos da EFG.

Para o professor, a tendência é a presença feminina crescer ainda mais nos próximos anos, tanto nos cursos quanto no mercado de trabalho. “Isso causa um reflexo nas nossas alunas, é reflexo do cenário atual”, concluiu.

Leia mais: