A pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira (18) mostrou que o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, avançou três pontos em relação à última consulta, feita em julho. Agora, Jair Bolsonaro tem 32% das intenções de voto. No entanto, para a professora e cientista política Mayra Goulart, o crescimento foi abaixo do esperado.

“Uma vez que já iniciou a distribuição do Auxílio Brasil com um valor elevado, já está em curso o preço mais baixo da gasolina estimulado pelo Governo, a partir das isenções do ICMS, e uma série de outros benefícios, com custo de mais de R$ 200 bilhões para os cofres públicos”, explicou a cientista, que afirmou ainda que o retorno eleitoral é baixo, “tento em vista o montante de dinheiro gasto”.

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Principal concorrente de Bolsonaro na disputa pelo Planalto, o ex-presidente Lula permaneceu estável, com 47% das intenções de voto. Mayra afirmou que essa estabilidade, aliada ao pouco crescimento de Bolsonaro, desenham um cenário estabelecido para as Eleições 2022.

“Como essa eleição envolve os dois maiores líderes políticos, populares das últimas décadas do Brasil, talvez desde a redemocratização, é uma eleição que não tem muita margem para surpresa. São esses dois candidatos que vão ter uma fatia grande do eleitorado e estão disputando franjas pequenas daqueles que são indecisos ou que podem mudar o voto”, declarou.

Segundo Mayra, um fato que pode mudar esse cenário e dar mais votos para um candidato é a manifestação marcada para o próximo dia 7 de Setembro, data em que é comemorada a Independência do Brasil. Para a ocasião, Jair Bolsonaro e apoiadores, além de parte do exército, devem se reunir e, com base em discursos recentes, a cientista projeta que alguns atos antidemocráticos podem ocorrer.

“Existem alguns eleitores do campo democrático que têm dificuldade em votar no Partido dos Trabalhadores, tendo em vista todo o processo de acusação de corrupção e uma certa demonização do PT ao longo das últimas décadas […] Então o 7 de Setembro pode ser um momento de virada nesse sentido, porque está se programando um momento de radicalização do discurso de Jair Bolsonaro”, destacou a professora.

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A possibilidade de que as intenções de voto para o candidato petista cresça, aumenta também as chances de uma eleição no 1º turno. Apesar de analisar esse cenário, Mayra fez questão de ressaltar que não há como fazer exercícios de futurologia na política. Porém, com essa conjuntura colocada, a doutora em Ciência Política destacou que um resultado final para as eleições presidenciais ainda no 1º turno seria benéfica para a democracia brasileira, pois “desestimularia contestação do resultado das urnas por parte de Jair Bolsonaro”.

“As eleições proporcionais para o legislativo são resolvidas no 1º turno, então a contestação dessa eleição vai contrariar interesses de todos os legisladores que conquistaram ou renovaram os mandatos. No 2º turno, eles poderiam até apoiar, em troca de benefícios ou por serem ideologicamente convergentes com Jair Bolsonaro. Mas no 1º turno, ameaçando o próprio mandato, acho que seria mais difícil”, concluiu.

Mayra Goulart em entrevista à Sagres, nesta sexta-feira (19)

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