A secretária de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC) participou nesta terça-feira (20) do último encontro da série “Primeira Infância Primeiro: Desafios e Oportunidades de Colaboração”. No evento, em Brasília, Kátia Schweickardt destacou os desafios da primeira infância no Brasil, sob a visão do MEC. Entre eles, segundo a titular da Pasta, está o tratamento dado a crianças pretas na educação infantil, nos grandes centros urbanos, em relação às brancas.
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“Nossos números falam de forma geral, não das crianças pretas e pardas e indígenas. As crianças pretas nas grandes cidades são muito diferentes das crianças brancas. As crianças pretas na educação infantil são menos beijadas, abraçadas e elogiadas pelas professoras. Nossos indicadores não são capazes de avaliar isso”, afirmou.
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Enumerar os desafios para a primeira infância, de acordo com a Pasta representada no evento, foi a pergunta-chave direcionada aos participantes. Ainda conforme Schweickardt, o ministro da Educação, Camilo Santana, trouxe para o MEC uma perspectiva que tem muito a ver com a visão sistêmica de que a educação começa nessa fase inicial da vida. Segundo a secretária, não há apenas uma, mas sim várias primeiras infâncias no Brasil.
“Temos dificuldades de construir indicadores para entender como são as múltiplas infâncias. Não tem uma infância só. Na Amazônia, onde vivo há 32 anos, pensar na primeira infância nessa região é muito diferente que pensar em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Em comunidades ribeirinhas, por exemplo, creche não é uma política fundamental porque a criança é cuidada pela comunidade. Ela não é responsabilidade só de uma pessoa. Deveríamos ficar mais atentos a essas realidades para aprender como se faz, mas a gente insiste em distribuir padrões no Brasil inteiro”, disse a secretária do MEC.
Falta de vagas
Outro desafio, segundo Schweickardt, é a necessidade do aumento de vagas em creches para atender a demanda na educação infantil. “Hoje cerca de 37% das crianças em idade de creche estão sendo atendidas. A meta do PNE [Plano Nacional de Educação] é de 50%. Mas na educação infantil a gente deu passos muito importantes. Já estamos com 94% das crianças de 4 e 5 anos na escola, embora isso esteja ainda concentrado em algumas regiões do Brasil”, acrescentou.
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A coordenadora-geral de Educação Infantil do MEC, Rita Coelho, também participou do evento. Já a coordenadora-geral de Educação Infantil do MEC, Rita de Cássia. Para ela, a grande perspectiva da SEB é ver o fortalecimento e implementação da educação básica para todas as crianças, sobretudo na etapa da creche, de zero a três anos. “É importante prestar um atendimento de qualidade a crianças de zero a três anos”, destacou.

Última etapa
A edição de Brasília do “Primeira Infância Primeiro: Desafios e Oportunidades de Colaboração” é a última de uma série de quatro eventos de sensibilização sobre tema. Anteriormente, porém, houve encontros regionais em Recife (PE), São Paulo (SP) e Belém (PA).
Além disso, o evento possui alinhamento com a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), bem como com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A iniciativa busca sensibilizar lideranças públicas para a priorização de garantias de qualidade da educação infantil. Ademais, o fortalecimento da parentalidade e compreensão sobre a importância de se avaliarem as políticas e as intervenções na área.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 04 e 10 – Educação de qualidade e Redução das desigualdades, respectivamente.
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