Em curso desde fevereiro, e ainda sem uma solução à vista, a Guerra na Ucrânia continua a impactar a política mundial. Os efeitos do conflito vão muito além da luta pela sobrevivência de refugiados e desabrigados no território ucraniano ou das sanções políticas, econômicas, sociais e esportivas impostas à Rússia.

Apesar de não estar diretamente ligada ao conflito, embora seja uma das principais lideranças da União Europeia e da Otan – cuja interferência no Leste Europeu foi um dos fatores motivantes à decisão dos russos de invadir o país vizinho -, a Alemanha tem sido um dos países do Oeste Europeu mais afetados pela guerra.

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Como retaliação pelas sanções impostas pelo ocidente, o governo Putin tem cortado o fornecimento de gás natural à União Europeia, principal fonte de energia na região, que representa cerca de 40% das importações do bloco. Para os alemães, que importam um terço do gás russo, o impacto é gigantesco.

A alguns meses do início do inverno, o país passa por uma crise energética, que tem provocado racionamentos no consumo de energia para evitar a escassez no período de frio, com cortes nos gastos com iluminação, climatização e aquecimento. Os consumidores também têm sentido no bolso o aumento dos preços da eletricidade.

O contexto atual colocou por terra os objetivos do governo alemão de abandonar a produção de energia nuclear até o final deste ano. Olaf Scholz, chanceler germânico, cogita até mesmo a ampliação das usinas. Segundo o estadista, o desenvolvimento de energias renováveis está mais lento do que o esperado no país.

“Países como a Alemanha estão voltando a usar o carvão como grande fonte de energia. Estão aumentando a vida das usinas nucleares, e alguns países consideram até construir novas usinas”, apontou Sergi Alegre, chefe de Projetos Europeus da Fundesplai, em entrevista ao Sistema Sagres de Comunicação.

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Allianz Arena, em Munique, na Alemanha (Foto: Divulgação/Allianz Arena)

Com o início da temporada europeia de futebol, os torcedores do Bayern de Munique também sentirão os efeitos da crise na Allianz Arena. De acordo com reportagem do jornal alemão Bild, a administração do estádio adotará diversas práticas de forma a reduzir o consumo de energia em sua estrutura.

A primeira experiência com a nova realidade será na próxima semana, quando, no dia 14 de agosto, os bávaros receberão o Wolfsburg em casa pela 2ª rodada da Bundesliga, primeiro nível do Campeonato Alemão. O maior impacto, no entanto, será durante os jogos noturnos da Champions League, cuja fase de grupos inicia em setembro.

A iluminação externa da arena, a primeira no mundo a ter tal estrutura, inaugurada em 2005, funcionará a partir de agora apenas por três horas à noite, ao invés das seis horas de antes. O aquecimento do gramado será trocado por aquecedor de ar elétrico, enquanto a climatização será reduzida, e os banheiros terão apenas água fria.

Alinhado à Agenda 2030, o Bayern acelerou os processos para tornar a sua estrutura mais sustentável. A energia consumida na Allianz Arena será fornecida por painéis solares instalados no estádio. Segundo Jan-Christian Dreesen, vice-presidente executivo do clube, “para cumprir os nossos objetivos de sustentabilidade, estamos trabalhando para reduzir o consumo de energia. Diante da atual crise, intensificamos essas atividades”.