No último mês, o técnico Renê Simões publicou em seu instagram um video fazendo embaixadinhas para divulgar que havia sido diagnosticado com o novo coronavírus. Desde o dia 14 de março em quarentena, ele ficou duas semanas confinado em seu quarto e sem contato com a família, tendo que conviver com alguns sintomas da covid-19. 

Depois da quarentena e curado da doença, ele conversou com a Sagres 730 e revelou quais medidas que adotou quando soube que havia sido infectado. 

“A primeira iniciativa foi decidir quem era mais forte, eu ou o vírus. Apesar de muita dor de cabeça e muita tosse, eu levantei da cama, sentei numa poltrona e arrumei meu quarto para passar uma mensagem mental para mim de que estava tudo organizado. O vírus desorganiza a sua vida toda, então o que a gente precisa muito agora é cuidar da nossa saúde mental. Se você não tiver essa consciência, ficar prostrado na cama, não produz bons hormônios, abaixa sua imunidade e você acaba indo embora. Então meu conselho é: isolem-se, mas sejam ativos onde estiverem isolados e produzam bons hormônios senão o vírus ganha de você”, analisou. 

Renê Simões (Foto: Reprodução/SporTV)

Dentro do grupo de risco por já ter 67 anos, Renê criticou o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta e fez uma analogia com o trabalho no futebol para questionar a forma como o médico conduziu a pandemia no país. 

“Estratégia é o segredo. A minha discordância com o Mandetta, que eu até fiz um artigo e saiu em alguns jornais que eu teria dito que ele estava fazendo terrorismo, eu não disse, mas se quiserem usar essa palavra pode ser. Como um líder eu não posso dizer ‘semana que vem será horrível, a próxima semana ninguém vai aguentar, nós vamos chorar muito’, um líder não faz isso. Um líder, quando o time dele está perdendo por 3 a 0, 4 a 0, diz para os jogadores ‘nós temos um desafio de melhorar e vamos, porque vou ajudar vocês’. Mas o que ele fazia toda semana era deixar todo mundo em pânico. Medo é saudável, pânico é destrutivo, então sou totalmente contra ao que o Mandetta fez esse tempo todo”, explicou. 

E não foi só essa declaração do treinador que ganhou repercussão. A principal delas foi em 2010, quando comandava o Atlético-GO na Série A em um jogo na Vila Belmiro. Depois de Neymar sair de campo xingando o então técnico santista Dorival Júnior, Renê Simões disse em entrevista que o “Brasil estava criando um monstro”. 

Após o acontecido, acompanhando um programa de televisão, decidiu escrever uma carta e mandar ao craque brasileiro. “Ele foi a um programa da Hebe Camargo em um quadro onde mulheres entrevistavam um homem e homens entrevistam uma mulher. Nesse dia o Neymar era o entrevistado e uma jornalista disse ‘Neymar uma pessoa falou que você era um monstro’ e a Hebe completou dizendo ‘que esse tipo de pessoa a gente despreza’. Logo ele interrompeu e disse ‘não não, o professor é uma pessoa muito boa’ e quando eu vi isso percebi que estava na hora de escrever para ele e explicar que em momento algum eu tive a intenção de menosprezá-lo, tanto que eu disse ‘mal-educado desportivamente’”, revelou. 

“Então eu escrevi e mandei por um ex-assistente meu que estava no Santos com o Dorival Júnior. Ele entregou, o Neymar leu a carta todinha e disse ‘agradece o professor lá’. Mas nunca tive a chance de encontrar com ele novamente. Eu fui à França, assisti ao logo Lyon x PSG e ele é ‘imarcável’, se ele decidir que vai ser o número 1, será. Agora, há de se fazer uma decisão: eu quero ser o número 1, os prazeres da vida, as coisas todas que a fortuna pode me dar, eu vou deixar de lado e dedicar só no número 1. Eu não tenho dúvida que esse é o momento para ele ganhar”, completou Renê. 

Para o treinador, o melhor momento do atacante foi vestindo a camisa do Barcelona, onde dividia as responsabilidades com o argentino Lionel Messi. A transferência para o Paris Saint Germain fez Neymar se enxergar de outra forma e acabar se perdendo. No entanto ele acredita que o camisa 10 da Seleção Brasileira será beneficiado com a chegada de Leonardo, atual diretor esportivo do clube. 

“Quando estava no Barcelona sim (Neymar era educado desportivamente), o período que esteve lá foi excepcional e ele jogou muito. Ali tinha a história do Messi protagonista e ele o coadjuvante, e foi sensacional a passagem dele. Porém ele quis passar a ser o protagonista e foi para o PSG como a maior contratação da história, chegando em Paris maior que o clube, tendo várias complicações. Agora com a chegada do Leonardo como manager, acho que ele tem tudo para se ajustar. Tecnicamente eu não tenho nenhuma dúvida de que é um craque”, projetou. 

No futebol goiano, Renê Simões ficou marcado por suas duas passagens no CT do Dragão. Na primeira, em 2010, foi considerado o grande responsável pela manutenção da equipe na Série A do Campeonato Brasileiro. Três anos depois voltou para ajudar o rubro-negro a escapar do rebaixamento para a Série C. 

À Sagres 730, o treinador ressaltou o trabalho do atual presidente executivo Adson Batista e defendeu a escolha do dirigente na demissão do técnico Cristóvão Borges. Na ocasião, Cristóvão tinha 66,67% de aproveitamento, mas o trabalho do dia a dia não agradava a cúpula rubro-negra. Adson optou pela troca no comando técnico e acabou criticado por grande parte da mídia. 

“Todos falaram muito mal do Adson quando ele demitiu o treinador (Cristóvão) e eu fui uma voz sozinha no deserto. Eu acho que o grande problema do futebol brasileiro é contratar sem saber o que quer, e eu disse o seguinte: ‘ele errou na hora que contratou e admitiu que errou’ e depois ele disse ‘o que eu quero é isso aqui’. Ótimo, contrate um treinador para fazer aquilo (…) Se o Adson errou na contratação, pelo menos no pensamento do que ele quer para o campeonato eu acho que acertou. Pela declaração que eu vi do Adson eu concordo com ele, não posso ter um time que vai jogar totalmente aberto contra Flamengo, Palmeiras, São Paulo, você tem que entender o clube. Como você vai planejar o campeonato do Atlético? Você pega os 20 clubes e vai assim: eu sou melhor que o Flamengo? Não; eu sou melhor que o Palmeiras? Não; que o São Paulo e o Bahia? Não; qual é a minha posição? Minha posição é décimo, décimo segundo, então vou brigar para não ser isso e ser outra posição”, analisou Renê Simões. 

Ouça na íntegra a entrevista de Renê Simões à Sagres 730:

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