A debandada de 14 auxiliares do MDB que ocupavam cargos do primeiro escalão na prefeitura de Goiânia levantou a discussão sobre a forma de gestão do prefeito Rogério Cruz. Em entrevista à Sagres, o presidente estadual do partido, Daniel Vilela, afirmou que o erro dos políticos é escolher vice com perfil de vice.

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“Não é a primeira vez que a gente vê um ato de deslealdade e traição de um vice que assume o mandato do titular. Talvez seja um erro da política e dos políticos escolher um vice que tem perfil pra ser vice e não pra ser o titular. Ninguém de nós imaginávamos que teríamos uma tragédia como nós tivemos com a perda de Maguito. Se fica uma lição nessa história é que a gente precisa fazer escolha de pessoas para serem vices e compor chapa que possam amanhã ter a honradez e qualificação pra assumir a condição de titular. Não podemos escolher alguém que tenha apenas um perfil que serve-se para um papel secundário”, lamentou.

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Os seis vereadores do MDB na Câmara e seis suplentes assinaram documento ontem manifestando apoio à gestão de Rogério Cruz. Para Daniel, não há qualquer problema nesse apoio, mas ele acredita que à medida em que a condução da administração municipal perder o rumo, a bancada deve desistir do respaldo.

“Os vereadores tem autonomia e que eles pensem no seus objetivos. Eles têm legitimidade. Foram eleitos. Isso não me preocupa. Não tem nenhuma Câmara que fica ao lado de governo ruim. Se o governo tiver descambando e caminhando para um rumo abemos o interesse. Em determinado momento os vereadores vão perceber”, afirmou Daniel ao ressaltar que fará uma oposição inteligente. “Vamos ser vigilantes com todas as ações que serão tomadas com o prefeito daqui em diante”.

Daniel afirmou que o partido fará uma reunião para que não haja nenhuma divergência sobre os apoios dados à gestão municipal.

Além dos 14 que deixaram a gestão em demissão coletiva, o paço já perdeu outros 7 auxiliares indicados pelo MDB, sendo 6 deles substituídos por Rogério Cruz e um que se demitiu na última semana. Ontem, após a coletiva de imprensa dos ex-secretários anunciando as saídas, o prefeito rebateu dizendo que quem estava saindo era Daniel e seu grupo e não o partido.

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Daniel Vilela lamentou a declaração do chefe do executivo. “Diferente dele (Rogério), nós apresentamos nossas razões. Já o prefeito fez um pronunciamento rápido, lido, provavelmente escrito por outra pessoa e depois saiu correndo para não dar entrevistas e não ser questionado”, ressaltou.

Sobre outros auxiliares que mantiveram suas posições no Paço, Daniel afirmou que não faz julgamento. “Sempre colocamos e deixamos muito claro que nosso partido não pode se agarrar em cargos. Não vou fazer julgamento daqueles que manifestaram desejo em continuar porque muitos deles estão lá com seu emprego e sua remuneração. Obviamente que não vão dizer isso, mas o prefeito sabe que a grande maioria da pessoas que permanece lá estão lá porque precisam ter condições para tocar sua vida. Não estão apenas por um projeto. Já nós, entendemos que o partido precisa ter dignidade e não pode compactuar com essas situações”.

Daniel voltou a criticar as nomeações de auxiliares que não são de Goiânia, nomeados sob influência do diretório nacional do Republicanos, entre eles o atual secretário de governo, Arthur Bernardes (PSD-DF), o novo presidente da Comurg, Alex Gama, de Alagoas e o diretor-administrativo da companhia, Ricardo Itacarambi, do DF.

“Ele (Rogério) sequer conhece essas pessoas. São pessoas que ele passa aconhecer quando elas chegam em Goiânia e são apresentadas a ele. Ele foge dessas perguntas. Ele foge do questionamento sobre quem está nomeando essas pessoas. É uma mudança de rumo que o prefeito tem tomado no sentido de não ouvir mais seus secretários”, pontuou Daniel.

O presidente estadual do partido afirmou que não era o momento para a capital enfrentar essa crise, mas que o próprio prefeito não está pensando na Saúde ao exonerar secretários e tomar outras decisões como a suspensão de contrato da capa asfáltica de Goiânia. Daniel ainda citou as mudanças nos decretos municipais. Dois dias depois de anunciar uma espécie de escalonamento regional, Rogério mudou de ideia após conversa com Ronaldo Caiado e adotou o decreto estadual. “Ele está completamente mal orientado e com foco desvirtuado que é a pandemia. Não seria um melhor momento pra isso, mas os secretários não queriam ficar expostos a serem demitidos pelo Diário Oficial sem sequer serem comunicados”, ponderou.