A ideia de tornar maio o mês da conscientização da doença inflamatória intestinal é um projeto de lei (1088/2024) proposto pelo senador Flávio Arns (PSB/PR). A doença é crônica, ou seja, não tem cura, mas um cuidado devido e diagnóstico rápido podem mitigar grande parte dos sintomas.

Alexandre de Souza Carlos – Foto: Linkedin

A importância do assunto é explicada por Alexandre de Souza Carlos, do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. “Antigamente a doença era muito prevalente na Europa e na América do Norte, mas, nos últimos dez anos, estamos vendo um aumento crescente na América Latina, inclusive no Brasil”, afirma o médico, em entrevista ao Jornal da USP.

Como o diagnóstico e a ação precoce são medidas eficientes para o melhor tratamento possível, o primeiro passo é que o paciente saiba identificar algo de errado. Segundo Souza Carlos, o sintoma mais comum é a diarreia, que é crônica e pode durar meses. Além dela, o professor afirma haver outros sintomas, “como presença de sangue ou de muco nas fezes, perda de peso, dor abdominal”, acrescentando que, assim como a diarreia, são sintomas que perduram: “Não melhoram com as medidas habituais, como a educação de dieta ou analgésicos, e só tendem a piorar com o tempo”.

Esses são indicativos de que o que há de errado não é só uma infecção alimentar ou virose. Nesse caso, é indicado procurar um médico gastroenterologista. Outro ponto de atenção é a idade, dado que a faixa entre os 20 e 40 anos representam 60% dos casos.

Tratamento

Uma vez feito o diagnóstico, o cuidado começa. O professor explica que a doença, se não controlada, tende a períodos cíclicos de crise e melhora. Esse quadro, além de desconfortável, “tem maior chance de complicações irreversíveis, que às vezes precisam até de um tratamento cirúrgico”.

Mas o acompanhamento médico pode evitar isso. Ele afirma: “A função do tratamento é entrar no que a gente chama de remissão, que é o bom controle da doença para o paciente não ter esses sintomas da crise”.

Um dos desafios para uma boa eficiência do tratamento pode ser o atraso dos pacientes em buscar um médico. Alexandre afirma que ,“às vezes, o próprio paciente tenta primeiro modificar a dieta: retirar a lactose, o glúten, tomar medicamento, chá; enfim, isso vai postergando o diagnóstico”. Nesse caso, é relevante lembrar que os sintomas da doença inflamatória intestinal são crônicos e costumam persistir para além do normal.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

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