Sonhar: por definição, no sentido conotativo da palavra, desejar algo com insistência; almejar. Perseguir seu sonho requer muita disciplina, persistência e força de vontade. Para o Kesley Santos Souza, de 14 anos, não é diferente. Morador do Madre Germana, em Aparecida de Goiânia, o volante superou a reserva na Taça das Favelas de 2022 para ser o capitão do Residencial Itaipu na Tacinha das Favelas este ano.

Segundo o atleta, na competição passada ele não pôde atuar em nenhum jogo, mas estava sempre apoiando seus companheiros e trabalhando pelo próprio espaço no time. Kesley era do sub-17 do Residencial Itaipu, que perdeu para o Orlando de Morais na final.

“Ano passado fiz parte do elenco do Residencial Itaipu na Tacinha das Favelas e chegamos à final. Não pude jogar nenhum jogo, mas estava sempre torcendo, fazendo parte, não desisti, continuei treinando. Minha professora me prometeu que teria outra oportunidade, eu treinei, viram meu desempenho e me colocaram como capitão da equipe esse ano”, contou.

De acordo com a coordenadora do time, Ludymilla Coelho, o pai de Kesley, que trabalha como eletricista, afirmou que o garoto sempre incentivava seus companheiros de time, mesmo estando na reserva.

“O pai dele falou que ele não desistiu por ter ficado no banco, estava aplaudindo os meninos em todos os jogos. É um menino que não desiste, então acho que ele tem muito o que passar para os outros meninos que, por mais que você pegue banco e não esteja na equipe principal, hoje você pode estar”, ressaltou.

Para Kesley, apenas o motivo de fazer parte do campeonato e estar junto dos amigos no ano passado, já era motivo de felicidade, independente de estar jogando ou não.

“Eu ficava muito feliz, porque só de estar vestindo a camisa era uma felicidade enorme para mim. Pude acompanhar meus amigos de treino, vi a felicidade deles, estive sempre ao lado”, destacou.

Vida pessoal

O dia começa bem cedo para Kesley. Logo às 5h ele já está de pé para se arrumar e chegar até as 7h no Colégio Estadual João Barbosa Reis, que também fica no Madre Germana, em Aparecida. Como a instituição é de tempo integral, Kesley sai às 14h e tem que correr para chegar ao treino no horário, que fica em outro setor, no Residencial Itaipu.

Saindo da escola o ritmo não para. O treino de Kesley começa ou às 14h30 ou 15h, e vai até 16h30. Como ele é morador do Madre Germana e joga pelo Residencial Itaipu, são 7,5 km da sua casa até o local de treinamento.

Ludymilla Coelho ainda contou que, às vezes, o jovem não tem tempo nem para se alimentar de forma correta. “Ele sai da escola 14h, pega a bicicleta e vai correndo para o treino. Então, às vezes, ele come somente na escola mesmo, não dá tempo nem de almoçar”, revelou.

Kesley, vestindo a camisa número oito, em campo pela Tacinha das Favelas | Foto: Arquivo pessoal

Expectativa para a final

No próximo sábado (4), o Residencial Itaipu faz a final da Ouro sub-15 da Tacinha com o time do Tocantins. Kesley, que tem como inspiração os volantes Frank Lampard, ex-Chelsea, e Tony Kroos, do Real Madrid, revelou estar ansioso para a partida, mas também mencionou sobre a responsabilidade de trazer o título para o time depois do vice em 2022.

“Continuo concentrado para a final, um sentimento de felicidade, mas uma pressão enorme. Terei que jogar muito bem pela minha equipe, fazer meu papel para levarmos o título”, projetou.

“Infelizmente não podemos ganhar a final da Taça das Favelas 2022, mas esse ano quero ganhar a Tacinha e honrar tudo que fizemos”, finalizou.

*Este conteúdo está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU 10 – Redução das desigualdades

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