Artigo publicado no Jornal da USP argumenta que Dengue, zika e chikungunya são doenças que precisam ser controladas de forma integrada. Segundo o portal, o desenvolvimento de vacinas, o controle do Aedes aegypti e o redirecionamento de fármacos são estratégias eficazes no controle dessas arboviroses desde que realizadas de forma simultânea.

A estratégia integrada é de pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo. As estratégias já existem em vários países da América Latina, mas os pesquisadores destacam que ao serem utilizadas de forma integrada elas reduzem surtos e preparam os sistemas de saúde para epidemias.

A pesquisa desenvolvida na USP é a “Estratégias integradas de controle para infecções pelos vírus Dengue, Zika e Chikungunya” e está publicada na “Frontiers in Immunology”. Nelson Côrtes de Oliveira, biomédico e pesquisador da USP explica que o artigo faz um levantamento de iniciativas que já existem no mundo. A partir disso, então, eles destacam “o que poderia melhorar e o que que ainda está faltando” para enfrentar as doenças.

Estratégias

Dois pesquisadores da USP trabalham em vacinas importantes para o combate de arboviroses no país. Nelson de Oliveira está desenvolvendo seu doutorado com foco num imunizante para tratar o zika. Enquanto isso, Aline Lira, que também faz parte da pesquisa, estuda meios para desenvolver uma vacina contra a chikungunya. 

Os dois pesquisadores utilizam a plataforma VLP (virus like particles). Sendo assim, a tecnologia estudada imita as partículas virais, pois elas não contém o material genético infeccioso. As vacinas são importantes porque não existe ainda uma terapia para infecções por arbovírus. Até o momento, então, os médicos utilizam drogas antivirais que reduzem os sintomas das doenças. 

Lira conta que eles estudaram cerca de 121 pesquisas sobre as arboviroses prevalentes na América Latina e que, assim, perceberam muitas pesquisas em andamento. “Eu não sabia que tinha tantos medicamentos assim em testes, como a cloroquina, ou até componentes naturais que têm esse poder antiviral”, destaca.

Entre as possibilidades positivas estão medicamentos como a cloroquina, a niclosamida e drogas derivados da isatina. Além disso, há estudos em andamento para reduzir as taxas de transmissão de arboviroses.

Controle do vetor

Dengue, zika e chikungunya são doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, o famoso mosquito da dengue. Uma das estratégias pesquisadas é o controle do vetor, pelo meio tradicional de controle dos focos de sua existência, como  eliminar parada e inseticidas. Mas também pela infecção do mosquito com a Wolbachia, uma bactéria encontrada em 60% dos insetos, mas que não é encontrada no Aedes aegypti.

A Wolbachia bloqueia o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika e chikungunya diretamente no vetor. Desta forma, então, a bactéria contamina os mosquitos que vão para o meio ambiente e se reproduzem com os Aedes aegypti não contaminados. O método cria uma nova população de mosquitos que não tem a mesma eficácia na transmissão das doenças.

O método com a Wolbachia já existe no Brasil e é um experimento conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério da Saúde. A pesquisa tem testes no Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).

Os primeiros resultados indicam sucesso de 77% de redução dos casos de dengue e 60% de chikungunya nos locais com a nova população de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia.

*Com informações do Jornal da USP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e bem-estar.

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