O deputado federal Rubens Otoni (PT) concedeu entrevista exclusiva na manhã desta sexta-feira (16) à 730 no programa Primeiro Tempo da Notícia. O parlamentar fez duras críticas às medidas da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos, aprovada na Câmara e Senado Federal. Segundo Otoni, que é da bancada de oposição ao governo, as medidas não contribuem para superar a crise, e representam um desastre na economia nacional.
Ouça a entrevista na íntegra: {mp3}Podcasts/2016/dezembro/16/rubensottoni{/mp3}
“Medidas desastrosas, que ao invés de contribuírem para superar vai aprofundar a crise que nós estamos vivendo, e setores expressivos da nossa sociedade ainda não estão entendendo o que está acontecendo. São desastrosas porque cortam gastos importantes nas áreas estratégicas de Saúde, Educação e Assistência Social, mas não têm impacto apenas na vida do trabalhador, mas na vida do empresariado nacional”, afirma.
O parlamentar foi um dos 137 que votaram contra o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no plenário da Câmara, no último mês de abril. Otoni ressalta que a saída da petista à frente do Executivo não tirou o país da recessão.
“Falava-se que o problema era a Dilma, o PT, que se tirasse a Dilma, a situação econômica estaria resolvida. As medidas que estão sendo tomadas aprofundam ainda mais a crise porque hoje nós temos um governo que é subserviente aos interesses do sistema financeiro internacional”, pondera.
Reforma da Previdência
Uma das principais mudanças propostas pelo governo é a que fixa a idade mínima de 65 anos para requerer aposentadoria e eleva o tempo mínimo de contribuição de 15 anos para 25 anos. Para Otoni, a medida acaba com o benefício.
“A proposta que está sendo apresentada praticamente acaba com a aposentadoria. Com essa proposta, para se aposentar com essa proposta, se ela for aprovada, eu não acredito que seja, eles não darão conta porque esse governo não tem legitimidade para isso e cada vez tem menos condição de aprovar matérias, está numa situação difícil; mas se aprovada essa proposta da previdência, para garantir a aposentadoria integral, tem que passar dos 70 anos”, pondera.
Governo Temer em três pontos
O deputado federal teceu diversas críticas ao presidente da República Michel Temer (PMDB). O parlamentar reforçou a tese de golpe com o afastamento de Dilma (PT), disse que o peemedebista não fica à frente do país por muito tempo e que a base de Temer no Congresso não lhe garante estabilidade.
1º) Legitimidade
“Está imprevisível em Brasília. Estamos vivendo o momento mais turbulento, inseguro e de maior instabilidade, eu diria até das instituições, desde a ditadura militar. Por isso, vejo que ele (Temer) não tem condição nenhuma de se sustentar porque não tem a legitimidade popular. Ele não veio das urnas, não tem voto. Ele chegou ao poder através de um golpe parlamentar.”
2º) Segurança
“A sua capacidade de governança no Congresso, apesar da maioria que ele conseguiu formar, inclusive que garantiu o afastamento da presidenta Dilma, esta maioria não dá segurança. A cada momento ele tem que discutir tudo de novo e ceder tudo novamente”.
3º) Popularidade
“A credibilidade junto à população é cada vez menor. Os índices de popularidade do Temer são menores do que a da presidenta Dilma no seu pior momento. Última pesquisa de domingo (11) do Datafolha diz que 63% da população querem o afastamento do presidente e eleições diretas. É um governo que eu não vejo futuro nenhum para ele”, aponta Otoni.
Lula
Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alvo de investigações da Operação Lava Jato, Otoni afirma que o maior sonho da oposição é ver o petista na cadeia e longe das disputas eleitorais pela presidência do país.
“Este é o sonho de consumo dos nossos adversários, aliás é o motivo do golpe que foi dado retirando a presidenta Dilma de um mandato legítimo, porque a elite política que não conseguiu chegar ao poder através do voto e, desde 2002, tenta voltar, perdeu em 2006, 2010 e em 2014, essa elite perdeu não apenas as eleições como também a paciência. E aí partiu para o tudo ou nada, ou seja, o impeachment. O sonho de consumo deles é esse: inviabilizar e prender o Lula, não deixa-lo ser candidato, porque senão eles sempre vão ter essa ameaça”, reitera.