Sob supervisão da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), detentos de oito unidades prisionais produzem equipamentos de proteção individual (EPIs), que são utilizados pelos próprios servidores do sistema prisional além de serem destinados a outras instituições do Estado e Municípios, para conter a disseminação da Covid-19.

Assim que o novo coronavírus foi classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como pandemia, a DGAP instalou o Comitê de Gerenciamento de Crise, com foco na manutenção da saúde do servidor, da população carcerária e, ainda, na manutenção da ordem e disciplina das unidades diante das adversidades provocadas pelo momento emergencial.

Uma das primeiras ações foi atender à necessidade de materiais e insumos de proteção dos servidores. Devido à possível falta dos produtos no mercado e ao aumento abusivo de preços, foram estabelecidas várias parcerias entre a Diretoria-Geral, prefeituras, empresas privadas, além da Universidade Federal de Goiás (UFG) para a confecção do produto dentro da própria DGAP.

De acordo com o Gerente de Produção Agropecuária e Industrial da DGAP, Moacir Ferreira da Silva Júnior, apenas para atender os servidores do sistema prisional, seriam necessárias 100 mil máscaras descartáveis, por mês. Com o trabalho de produção em parceria, o custo investido pela DGAP na aquisição de EPIs foi reduzido, pois as instituições parceiras passaram a entrar com a doação de toda a matéria-prima necessária, e o Estado com a mão de obra carcerária.

“Começamos [a produção] primeiramente em Goiânia e Orizona, pois estas já tinham confecções instaladas e em atividades. Hoje estamos com oito polos ativos e mais três com previsão de início ainda este mês e, atualmente, a DGAP está fazendo cerca de 8 mil peças por dia [entre máscaras e aventais descartáveis]”, explica Moacir.

Além dos servidores do sistema prisional, outros órgãos já receberam os EPIs produzidos pela DGAP, como a Superintendência da Polícia Técnico-Científica, Polícia Militar, Polícia Civil, assim como hospitais, instituições privadas parceiras e secretarias Municipais de Saúde. “No total, já foram produzidos mais de 11 mil aventais e 180 mil máscaras em todo o Estado. Destes, só para a própria DGAP foram mais de 100 mil entregues”, ressalta o gerente.

Trabalham na confecção desses equipamentos de proteção individual cerca de 150 detentos que já têm experiência e, a maioria, ainda tem formação pelo Senai em corte e costura. No sistema prisional, já havia em funcionamento pólos de confecção, que foram adaptados ao trabalho de produção dos EPIs. Houve também apenas alguns ajustes em relação ao modelo e formato das máscaras e aventais, orientados a partir de parceria com a UFG.

O diretor-geral de Administração Penitenciária, Coronel Agnaldo Augusto da Cruz, explica que os equipamentos de proteção, além de auxiliar no combate e enfrentamento do coronavírus, traz outros aspectos positivos para os detentos. “O preso tem a oportunidade de desenvolver uma atividade de ocupação, ele continua a trabalhar e, inclusive, a receber uma remuneração”, explica. Ainda segundo o titular da DGAP, a utilização de mão de obra carcerária traz outro ponto positivo, que é a remissão de pena, prevista na Lei de Execução Penal.