O mundo inteiro fala da Amazônia. O fato fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugerir que a 30ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças de Clima (COP-30) seja realizada na região em 2025. Com importância nacional desde 2007, quando o governo instituiu o dia 5 de setembro como o Dia da Amazônia, a floresta está agora em destaque na geopolítica mundial.

A Organização das Nações Unidas confirmou Belém (PA) como sede do mais importante evento ambiental do planeta em maio deste ano. Lula afirmou que a floresta da América do Sul era o principal tema nos debates nas conferências de Paris, Copenhague e Egito.  Então, ele sugeriu que a COP-30 fosse realizada na região da Amazônia a fim de que o mundo conheça suas riquezas.

Dia da Amazônia

A riqueza natural da floresta motivou o governo brasileiro a criar o Dia da Amazônia, comemorado em todo o território nacional em 5 de setembro. Mas para muitos a floresta tropical é uma das maiores riquezas da humanidade. Assim, a data nacional homenageia a Província do Amazonas, criada por D. Pedro II no mesmo dia, em 1850.

A Amazônia é internacional, pois a floresta está presente em nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. No Brasil, então, o território amazônico engloba nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão. 

Internamente o país tenta valorizar sua riqueza, usar a enorme fonte de biodiversidade economicamente e a capacidade da floresta em diminuir a presença do dióxido de carbono na atmosfera. No entanto, enfrenta simultaneamente o avanço da extração ilegal de madeira, exploração inadequada na mineração, queimadas e desmatamentos.

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Geopolítica

A expressão figurada que diz que a Amazônia é o “pulmão do mundo” está ligada ao seu impacto global, motivo citado por muitos países ao justificar suas preocupações com a região da América do Sul. Entretanto essas “preocupações” possuem diversas faces e devem ser entendidas geopoliticamente.

O professor de História e Geopolítica, Norberto Salomão, explicou que a discussão geopolítica e ambiental da Amazônia não é  nova. Salomão destacou que os países amazônicos assinaram o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) para promover o desenvolvimento conjunto da região em 1978.

“Os países-membros assumiram o compromisso comum para a preservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais da Amazônia. Em 1995, os países-membros reforçaram o TCA com a criação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), para fortalecer e implementar os objetivos do Tratado de Cooperação Amazônica”, contou.

“O problema é que a fragilidade institucional desses países e as bruscas mudanças de governos e de seus projetos para o meio ambiente são fatores que dificultam essa efetiva cooperação”, explicou.

Impacto global

floresta amazônica / amazônia
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os acordos internacionais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas ocorrem desde a Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 5 de junho de 1972, em Estocolmo, na Suécia. Todavia, o professor Norberto Salomão ressaltou o “aspecto inegável que é a importância da floresta Amazônica como um repositório ecológico”. 

“A Amazônia ainda tem uma grande área preservada e abriga uma imensa diversidade de espécies vegetal e animal. A floresta amazônica tem um papel relevante na redução dos níveis de poluição, transformando CO2 em oxigênio. E também é responsável por grande parte da América do Sul, influenciando o regime de chuvas na região e contribuindo para estabilizar o clima global”, apontou Salomão.

A Amazônia influencia o regime de chuvas dentro do país, sendo fundamental para a região central do Brasil, e para o desenvolvimento da agricultura e pecuária. “Ou seja, está diretamente ligada à capacidade de produção de alimentos”, afirmou o professor. 

Economia e subsistência

“A floresta é importante na regulação das chuvas da América América do Sul, mas o seu impacto é global no clima”, frisou Salomão. Do ponto de vista ambiental, esse é o principal interesse do mundo na Amazônia. Mas a floresta abriga uma riqueza abundante em sua fauna, flora, recursos hídricos e solo. E são esses aspectos que gera um interesse  econômico em torno de tudo que ela oferta.    

“A região da floresta amazônica ainda tem o potencial de fornecer importantes produtos vegetais com propriedade nutricionais e medicinais. E outro aspecto é o potencial mineral da região, que gera a cobiça do capital nacional e internacional. Assim, a tarefa de preservar a região é um desafio constante”, disse Norberto.

E é nesse ponto que concentram-se a maior parte das divergências em relação à Amazônia na atualidade: a preservação da floresta e o uso econômico dos seus recursos. Um dos principais exemplos é a “briga da França” para fazer parte diretamente da OTCA. 

“Sob a justificativa de possuir um território na região amazônica, a Guiana Francesa, a França tem reivindicado o direito de participar da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. Porém, muitos entendem essa pretensão como uma tentativa da França interferir na geopolítica regional”, explicou Norberto Salomão.

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