O Núcleo de Arte e Inclusão do Autista (Naia Autimo) abre suas portas neste domingo (2) para celebrar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. De acordo com a organização, haverá uma série de atividades partir de 9h, na Vila Ambiental do Parque Areião, onde fica a sede entidade.

A programação inclui cosplay de super herois, distribuição de revistas sobre autismo, pula pula, pipoca e algodão doce. Além disso, terá ainda emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) e emissão de Crachá de Identificação do Autista. Também haverá show da banda Os Lanternas, do adolescente autista Murilo Leal Rezende.

Detalhes:

  • 9h:
    CASA 2 – Encontro com os super-heróis, distribuição da revista AUTISMO, de pipoca e algodão doce
    CASA 1 – Venda de produtos NAIA
  • 10h:
    CASA 2 – Apresentações: Nilo Vale, Murilo Leal, Nicole Rios, Daniela Meneses, Maurício Garcêz, Gustavo Cabral, Marcos Filho… Os Lanternas
  • 11h:
    Caminhada de consciencialização do Autismo

Atividades no Crer

Durante a próxima semana, entre os dias 3 e 6 de abril, haverá atividades para os pacientes autistas e familiares no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer). Sendo assim, nos dias 3 e 5 de abril, terá sessão especial do Cinema Azul, no auditório do Crer, com o filme Jumbo.

No primeiro dia a exibição será a partir de 14h, e no segundo dia, a partir de 10h. A psicóloga da unidade Sofia Gomes Martins Mustaféexplica que o espaço será preparado com iluminação e temperatura adequadas para dar conforto e tranquilidade para as crianças.

Já no dia 4 de abril, terá um debate online com o tema ‘Serviço Social: Direitos e Deveres da Pessoa com Deficiência’. A programação é aberta ao público, com transmissão às 9h30 e às 16 horas.

No dia 6 de abril, às 7h30, haverá uma Roda de Conversa com a psicóloga Nise van der Linden para os pais dos pacientes com o tema ‘Autismo e as Relações Familiares‘.

Crer terá programação voltada ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo | Foto: Divulgação

Diagnóstico do TEA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico. Essas condições são relacionadas com dificuldade no relacionamento social.

Nesse sentido, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no fim de 2007. O objetivo é de difundir informações para a população sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito.

O médico do Crer, Hélio van der Linden, explica que o TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico. Além disso, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados. Nesse sentido, a pessoa com TEA pode apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

De acordo com o profissional, existe uma dificuldade no diagnóstico correto do autismo, visto que muitas vezes os sintomas são semelhantes ao de outros transtornos. “Às vezes crianças pequenas, que têm um atraso de linguagem mais complexo e são agitadas, podem até ter alterações da interação social também. Isso, às vezes, confunde bastante com o transtorno do espectro do autismo”, afirma Hélio.

Sintomas

O profissional esclarece que algumas pessoas podem ter alguns sintomas isolados, e que acaba-se atribuindo um diagnóstico de autismo. “Por exemplo, a pessoa que tem apenas estereotipias motoras, que são aqueles movimentos repetitivos, mas com uma interação ótima, não há diagnóstico de autismo”, afirma.

Ele explica que algumas pessoas podem ter apenas transtorno sensorial. “Se a pessoa tem sensibilidade ao estímulo auditivo, textura, por exemplo, só isso não faz diagnóstico de autismo. É bom lembrar que o diagnóstico de autismo é um conjunto de sinais e sintomas. Dois domínios devem ter alteração, que é o da comunicação social, que envolve linguagem, seja ela verbal ou não-verbal e interação social”, destaca.

“Não existe diagnóstico de autismo com uma interação normal. Esse é o principal sinal a ser observado. Deve haver comprometimento da interação social sempre em caso de autismo, mesmo num grau leve, observa-se um prejuízo na dinâmica social. E o segundo, são os padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades”, conclui.

Data de conscientização do autismo

O 2 de Abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, foi definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 e instituído no Brasil pela lei 13652/2018. A equipe de especialistas do Núcleo de Arte e Inclusão do Autista (Naia), em Goiânia, destaca a importância da data.

“Promover conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Do Autismo, bem como sobre as necessidades e direitos da pessoa autista. Ao propagar informações de qualidade à população tem -se o objetivo de reduzir a discriminação e preconceito com o indivíduo autista”.

De acordo com o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5°ed) o TEA é classificado em 3 níveis, que variam de acordo com a necessidade de suporte do indivíduo em relação á sua comunicação, socialização e comportamento.

Confira os níveis:

  • – 1: pouca necessidade de suporte;
  • – 2: necessidade de apoio substancial;
  • – 3: necessidade de apoio muito substancial.

Como identificar o TEA

Segundo o Naia, os sinais de autismo podem ser percebidos basicamente em três áreas: comunicação, socialização e comportamento. Um dos sinais de autismo mais evidentemente percebido é o de ter problemas em se comunicar verbalmente. “Não falar, dar uso indevido às palavras, não saber se expressar usando as palavras, repetição de partes da fala do outro (ecolalia)”.

Outro sinal característico é a dificuldade na interação social. Não manter contato visual, isolar-se ou não se interessar por partes, não atender ao próprio nome, não compartilhar interesse, não imitar, não brincar de faz-de-conta”.

“O autistas pode apresentar ainda, muitas vezes, alterações de comportamento. Entre elas alinhar objetos, ficar em partes específicas de objetos ou lugares, não usar brinquedos de forma convencional ou fazer movimentos repetitivos sem função aparente. Podem apresentar ainda interesse restrito por um único assunto (hiperfoco), apresentar hiper ou hipo sensibilidade sensorial, auditiva e/ou visual, necessitar de rotina e dificuldades com mudanças”, complementa o Naia.

O diagnóstico do autismo é essencialmente clínico ou seja, baseado em:

  • – observação médica direto do comportamento e desenvolvimento do paciente;
  • – análise das informações coletadas com as pessoas (familiares, cuidadores, professores) que convivem com ele;
  • – aplicação de questionários protocolodos como por exemplo, teste M-CHAT.
  • Estabelecer conexões com o autista é fundamental para uma convivência produtiva e harmoniosa. “A principal orientação é estabelecer conexão com ele, pois assim será possível saber quando algo (situações/sentimentos/pessoas) está favorecendo o desenvolvimento ou aborrecendo essa pessoa autista”, conclui a equipe do núcleo.

*Esse conteúdo está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU 03 e 10 – Saúde e Bem Estar e Redução das Desigualdades

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