Hábitos comuns como andar de ônibus ou a pé e ter uma rampa acessível para um cadeirante ou alguma pessoa com mobilidade reduzida entrar em um prédio, contribuem para melhorar a qualidade de vida e, principalmente, para um ambiente mais sustentável.

Além disso, contribuem para o cumprimento de dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, os ODS. Nesta reportagem apresentamos maneiras de como é possível reduzir as desigualdades (ODS 10), sobretudo, mostrar formas de deixar a cidade mais sustentável e acessível para os que mais precisam (ODS 11).

Andando pelas ruas de Goiânia, especialmente no centro da cidade, à primeira vista, podemos ver exemplos de uma arquitetura acessível. Rampas em prédios públicos, calçadas com piso tátil e botões no semáforo, são algumas medidas que ajudam quem mais precisa.

“A arquitetura acessível promove o acesso para as pessoas que têm uma mobilidade reduzida, com algum nível de deficiência, seja permanente ou temporária. Sem tantas escadas”, explica Simone Buiate, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo.

De acordo com Simone, em Goiânia há leis que exigem a utilização de uma arquitetura acessível. No entanto, a falta de padrão, principalmente nas construções, é um problema.

“A gente tem leis que dão respaldo para toda a construção ter acessibilidade, tem a lei das calçadas, mas vemos que Goiânia é uma colcha de retalhos, por isso precisa de uma fiscalização maior. Mas o mais importante é ter uma coletividade. Entender que quando os locais são inclusivos, evitam acidentes e permitem que essas pessoas saiam de casa, pois necessitam de atendimento público”.

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Centro x periferia

Também conversamos com pessoas que sofrem na pele os problemas com a falta de mobilidade em Goiânia. Eduardo Cordeiro, atendente de call center na ADFEGO – Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás – conversou com a reportagem do Sistema Sagres e fez um alerta.

Eduardo Cordeiro alerta para a falta de acessibilidade na periferia

“Não tem quase nada de acessibilidade nos bairros mais afastados do centro”. E a observação feita pelo Eduardo é uma realidade.

“No centro a instalação é mais acelerada, todavia na periferia a gente ainda tem um processo lento e penso que vai demorar”, completou Simone Buiate.

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Transporte público

Além da acessibilidade nas ruas, tem também quem depende do transporte público. Uma passagem rápida por um dos terminais de Goiânia e desde já constatamos que os problemas não param.

Habilidoso sobre a cadeira de rodas, o aposentado Antônio Rodrigues, faz tratamento no CRER – Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo. Ele passou rapidinho pela plataforma em direção ao local que pegaria seu ônibus no Terminal Praça da Bíblia. Chegou em tempo e aguardou por alguns minutos a linha 028 – Terminal Bandeiras. Quando o ônibus chegou, o motorista e um funcionário do terminal ajudaram no embarque.

“A maioria dos ônibus está estragada. Precisa arrumar essa plataforma. Tá difícil de funcionar. Já dentro dos terminais, a situação pra mim é mais tranquila”, disse o seu Antônio.

Antônio precisou de ajuda para embarcar no Terminal Praça da Bíblia

CMTC

Em contato com a CMTC – Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo – responsável pelo transporte coletivo na região metropolitana de Goiânia, o presidente da entidade, Tarcísio Abreu, explicou que as empresas que têm a concessão das linhas – HP, Cootego, Rápido Araguaia, Reunidas e Metrobus – são obrigadas a cuidar da manutenção dos ônibus.

“Os 1256 ônibus que rodam pela região metropolitana de Goiânia no transporte convencional são equipados com elevadores e um lugar para o cadeirante e um acompanhante. As operadoras devem fazer a manutenção todos os dias e ainda na garagem deve ser feito um checklist antes de sair para as ruas. A conservação e capacitação dos motoristas também são de responsabilidade das concessionárias”, detalhou Tarcísio, que reforçou o papel fiscalizador da CMTC.

“Nós como órgão gestor devemos fiscalizar. Temos uma equipe que vai até as garagens e os terminais, mas vale ressaltar que essa é uma operação que envolve 1256, então não é tão simples”.

Educação

A falta de educação de quem não sofre com mobilidade reduzida também foi um dos problemas lembrados pelos personagens da reportagem da Sagres. Desde o motorista que não respeita quem aperta o botão no semáforo para atravessar a rua, até o “fura-fila” nos terminais na hora do embarque. Além disso tem o “folgado” dentro dos ônibus.

“Minha cadeira é motorizada e a parte de trás dela está estragada, porque entro no ônibus as pessoas forçam com os pés. Já estragou o suporte da bateria e eles sentam no encosto de braço da cadeira, que inclusive está quebrado”, descreveu a Maria Moreira, que também trabalha como atendente na ADFEGO.

Repense

Esta reportagem integra a segunda temporada da série Repense desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Renapsi e da  Fundação Pró CerradoAo longo de 48 episódios abordamos temas relativos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas ONU. Nesta reportagem a temática inclui os ODS: 10 – Redução de Desigualdades e 11 – Cidades e comunidades sustentáveis.

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