O Dia dos Povos Indígenas na COP 28 aconteceu nesta terça, 6, e a agenda abriu espaço para o protagonismo indígena nas discussões da Conferência do Clima. Ocupando a liderança da delegação brasileira na COP 28 desde domingo, 3, a ministra dos Povos Indígenas destacou a importância desta agenda e o seu orgulho da representatividade do país.
“Hoje, orgulhosamente, falo aqui como ministra de Estado dos Povos Indígenas, a primeira vez que nós, indígenas, temos essa representação no Governo Federal e na COP. E claro, maior ainda para nós é dizer que estou aqui falando como chefe da Delegação Brasileira. Isso é histórico e precisa ser celebrado”, destacou.
A agenda teve início com a marcha de representantes indígenas de diversas etnias, que caminharam desde a entrada da Expo City Dubai, palco da COP 28, até o Pavilhão do Brasil no evento. Com uma fila de mulheres à frente, a marcha contou com a presença da ministra Sônia Guajajara e da presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas – Funai, Joenia Wapichana.
Para o secretário Executivo da ONU para as Mudanças Climáticas, Simon Stiell, é importante priorizar os povos originários nas discussões.
“Os povos indígenas estão na linha de frente da crise climática. Eles estão bem posicionados para liderar transições justas com base nos seus valores, conhecimentos e visões de mundo consagrados pelo tempo”, avaliou.
Participação nos debates
Estima-se que cerca de 100 indígenas brasileiros de várias etnias estejam participando da COP 28. Somados aos representantes de outros países há aproximadamente 300 indígenas na Conferência do Clima. Com isso, Sonia Guajajara destaca a importância da integração das questões indígenas nas discussões e que os povos originários sejam incluídos nos mecanismos de financiamento climático, debatidos durante a COP28, em Dubai.
“É importante que os povos indígenas sejam apoiados e contemplados nos financiamentos climáticos. E que esse protagonismo também seja contemplado nesse processo de negociação. Estar aqui com o dia inteiro do pavilhão aberto para a discussão dos povos indígenas é significativo. Podemos já dizer que é uma COP histórica nessa participação dessa diversidade de povos do Brasil e do mundo que se faz presente nesta COP. Mostra que nós estamos também crescendo nesse espaço, aumentando a nossa voz”, afirmou.
Sônia comparou a participação de 2023 com a primeira experiência dos Povos Indígenas na COP, em 2009 e afirmou que, na ocasião “A gente era invisível. Ninguém olhava para nós”, depoimento que ajuda a entender a importância do destaque alcançado agora, 14 anos depois.
Marco da inclusão
Ao fim da marcha, no Pavilhão do Brasil na COP, o Ministério dos Povos Indígenas promoveu o evento “Territórios Indígenas: segurança para o planeta, lar para quem protege”, e foi onde a ministra Sônia Guajajara afirmou que o Acordo de Paris, em 2015, foi um marco para o avanço da participação indígena que culminou nessa agenda na COP 28.
“O Acordo de Paris reconheceu o conhecimento tradicional, o conhecimento dos povos indígenas, como conhecimento científico. Foi ali onde a gente conseguiu fazer uma incidência direta e garantir essa participação dos povos indígenas dentro das negociações”, ressaltou.
Sonia Guajajara destacou que a COP 28 é a conferência com a maior representatividade indígena e que isso é um avanço nas discussões.
“Os povos indígenas, segundo os dados das Nações Unidas, somam apenas 5% da população mundial e protegemos 82% da biodiversidade viva no planeta. Estamos aqui trazendo essa voz dos povos indígenas, para que possamos também ser incluídos como parte da solução, para conter essa crise climática”, afirmou ao defender que os povos originários sejam consultados no processo de contenção do aquecimento global.
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