Povos indígenas de Nuñoa em Puno, no Peru (Foto: SGP-GEF-Pnud Peru/Enrique Castro-Mendívil)

As Nações Unidas celebram, neste 9 de agosto, o Dia Internacional dos Povos Indígenas. O tema deste ano é “migração e movimento de povos indígenas”.

Em sua mensagem, o chefe das Nações Unidas, Antonio Guterres, lembrou que os indígenas têm uma conexão espiritual profunda com suas terras e recursos.

Mesmo assim, cada vez mais pessoas estão migrando dentro de seus países e através de suas fronteiras.

A ONU News conversou com o líder indígena, Tonico Benites, do povo Guarani-Kaiowá. Ele é doutor em antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Empregos

Benites explicou a importância da conservação da terra para os povos indígenas.

“O indígena sempre tem esta esperança de ter uma boa relação com todos os povos, de ter espaço de terra para viver bem. Tem a esperança de que esta vida difícil que o indígena enfrenta hoje será superada, e a terra será demarcada, reconhecida pelo governo, e de diminuir a violência contra os povos indígenas em geral, e de tentar recuperar ainda a floresta onde ela pode ser recuperada.” 

Ainda em sua mensagem, o secretário-geral da ONU falou sobre as várias e complexas razões para a migração. Alguns indígenas são forçados ao deslocamento contra a sua vontade ou autorização.

Outros fogem da violência, de conflitos ou das consequências da mudança climática de da degradação ambiental. Muitos indígenas também migram em busca de melhores oportunidades e empregos para si e suas famílias.

Mas para o chefe da ONU, a migração é uma oportunidade que também traz riscos inerentes.

Valores e identidades

Como condições inseguras e insalubres de vida em grandes centros urbanos. Outro risco para meninas e mulheres são altos índices de violência, muitas vezes desproporcionais, além de risco de tráfico humano. Já os jovens indígenas enfrentam questões complexas sobre identidade e valores.

Guterres finalizou lembrando a adoção, prevista para dezembro deste ano, do Pacto Global para Migração, que deve ocorrer em Marrakech, no Marrocos. O documento deve estabelecer parâmetros de cooperações regional e global sobre o tema.

O chefe da ONU pediu um compromisso absoluto com a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas incluindo o direito à autodeterminação e aos recursos tradicionais de terras e territórios.

Para ele, é preciso garantir a proteção dos direitos e das identidades dos povos indígenas assegurando suas contribuições, e a oportunidade deles de prosperar e florescer num planeta saudável e em paz.