O pesquisador Luis Farhat defende em sua tese desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) uma atualização das diretrizes necessárias para tratar TDAH durante o desenvolvimento. Farhat analisou seis estudos que mostraram a importância de uma abordagem integrada de terapias e o uso de medicamentos.

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica caracterizada por desatenção, impulsividade e hiperatividade, que podem afetar o desenvolvimento de crianças e adultos. Mas o tratamento, para o pesquisador, precisa de atualização para o tratamento durante o desenvolvimento.

“É importante os profissionais se manterem constantemente atualizados. Lerem pesquisas. Existem recomendações clínicas de entidades adotadas que não são necessariamente baseadas em evidências”, aponta. “A medicina às vezes é vista de forma muito técnica, como um fluxograma de diagnóstico e tratamento, mas é importante lembrar que é uma ciência em constante mudança”, acrescenta.

Medicação

Os seis estudos analisados na pesquisa estão publicados em grandes revistas da área: Embase, PsycInfo e PubMed. De forma geral, Luis Farhat diz que é “importante entender as demandas específicas de cada pessoa e envolver pacientes e famílias no processo de decisão sobre riscos e benefícios do tratamento de maneira compartilhada”.

Mas a principal defesa do pesquisador na tese é o uso de medicamentos, com a inclusão dos estimulantes no tratamento ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Farhat é favorável à utilização de medicamentos como o metilfenidato em crianças, pois segundo a revisão dele, a medicação é segura e eficaz. No entanto, o Ministério da Saúdeos não recomenda os estimulantes metilfenidato e lisdexanfetamina e permite apenas a terapia cognitiva-comportamental (TCC).

“Os resultados de nossa meta-análise mostram que, em termos de eficácia, a medicação é boa e pode ser usada”, afirma.

Cautela

Por causa da pesquisa, Luis Farhat deseja uma reavaliação das indicações do Ministério da Saúde ao tratamento do TDAH no SUS. Apesar disso, ele mesmo reconhece a necessidade de cautela na liberação dos medicamentos estimulantes.

“Devemos usar esses medicamentos com cautela, como todas medicações de maneira geral, e preferencialmente em conjunto com intervenções não farmacológicas, por exemplo treinamento dos responsáveis para lidar com comportamentos disruptivos”, diz.

A preocupação do pesquisador se refere ao limite de dose das medicações. Porém, a resistência ao tratamento medicamentoso, segundo o médico, são os efeitos adversos dos medicamentos estimulantes.

Para o pesquisador, o foco do tratamento no desenvolvimento é importante para evitar problemas emocionais graves, como a depressão, que podem resultar de estigmas enfrentados na convivência social e desempenho escolar. Por isso, o médico pesquisador ressalta a importância de integrar o tratamento medicamentoso na rede pública, para auxiliar a disponibilidade de psicólogos.

*Texto do Jornal da USP com alterações

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e Bem-Estar.

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