Sagres em OFF
Rubens Salomão

Dividido, empresariado goiano evita tomar posição sobre crise institucional no Brasil

A contraposição de notas públicas assinadas por entidades representativas do setor produtivo no Brasil não deve ter participação, ao menos por enquanto, de instituições relacionadas a empresários goianos. Membros do Fórum de Entidades Empresariais (FEE) avaliaram na última semana os manifestos, com destaque para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), mas decidiram que “não é momento” de um posicionamento conjunto dos empresários e que as entidades, individualmente, poderiam avaliar pela divulgação de nota.

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Além da divisão entre membros do Fórum Empresarial, as diretorias das principais entidades seguem com forte influência de bolsonaristas e não há consenso sobre uma posição a ser tomada. É o caso na Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG); Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (ADIAL); Federação do Comércio (Fecomércio) e Associação Comercial, Industrial e Serviços do Goiás (Acieg). “Eu, como pessoa física, defendo a liberdade de expressão e a liberdade das instituições para agirem dentro dos seus limites e defendo a constituição, sem um Poder se sobrepor a outro, mas não posso falar pela entidade. Preciso de maioria”, relata à Coluna o presidente da Fecomércio, Marcelo Baiocchi.

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Nos últimos dias, nota da FIESP com o título “A Praça é dos Três Poderes” mostrou contraponto em relação à postura agressiva do presidente Jair Bolsonaro, principalmente na relação com o Supremo Tribunal Federal (STF). Em resposta, a FIEMG publicou texto em que acusa o Judiciário de “censura” e “exacerbação”. A entidade mineira também defendeu sites bolsonaristas acusados de fake news que foram desmonetizados a pedido do TSE. “Foram avalias as notas que essas entidades e a gente entende que, no momento, não há necessidade de o Fórum emitir essa nota, porque fica a critério de cada diretoria de cada entidade”, conta Baiocchi.

Foto: Reunião do Fórum Empresarial de Goiás, antes da pandemia. (Crédito: Divulgação)

Memória

A última vez que o Fórum de Entidades Empresarias de Goiás divulgou nota conjunta foi em abril deste ano, quando as entidades do setor produtivo concordaram em peso com último decreto do governador Ronaldo Caiado (DEM), que estabeleceu regras mais flexíveis para o isolamento social na pandemia de covid-19.

Insatisfação

Depois de rejeitar o pedido de Bolsonaro pelo impeachment do ministro do STF, Alexandre de Morais, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, demonstrou insatisfação com a nota da Federação das Indústrias do seu estado.

Calma e diálogo

Pacheco reclamou a aliados da nota pró-Bolsonaro. O senador mineiro tem repetido que o país precisa de moderação e confirmou para esta quinta-feira (2) encontro com o Fórum de Governadores, em contexto de ataques de Jair Bolsonaro à democracia.

Foto: Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, busca diálogo em meio à crise. (Crédito: Divulgação)

Conduta

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) abriu processo administrativo disciplinar contra o juiz federal Eduardo Luiz Rocha Cubas, de Goiás, acusado de prática vedada à magistratura ao apoiar, em junho de 2020, a indicação do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para um cargo no Banco Mundial.

Apuração aberta

Na sessão da última terça-feira (31), o relator, conselheiro Emmanoel Pereira, evitou citar o nome do ex-ministro. Ao referir-se à suposta atividade político-partidária do juiz, disse que o único objetivo aparente do magistrado foi o apoio “a determinada pessoa para exercício de cargo de indicação política”.

Foto: Juiz federal Eduardo Cubas tevm processo aberto no CNJ. (Crédito: Divulgação)

História

Weintraub foi demitido por Bolsonaro após acumular polêmicas e insultar o Supremo Tribunal Federal. Na famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020, Weintraub afirmou: “Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”.

Motivo dado

Eduardo Cubas é presidente da Unajuf – União Nacional dos Juízes Federais, uma entidade pouco representativa da magistratura federal. A Unajuf emitiu nota de apoio a Weintraub, “por reconhecer a inexistência de mácula curricular ou profissional que possa impedi-lo de exercer tais funções”.

Até abril

O presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (ainda no PSB), admite conversa adiantada para filiação ao Progressistas (PP), mas aponta que o martelo ainda não foi batido. O deputado estadual, que pretende candidatura a federal no próximo ano, tem até o fim da janela partidária, em 7 de abril, para nova filiação.

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Foto: Presidente da Alego, Lissauer Vieira. (Crédito: Divulgação)

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