O dólar avançava cerca de 2% e era negociado acima da marca de R$ 4,70 nesta sexta-feira (22), impulsionado globalmente por apostas de maior agressividade do banco central dos Estados Unidos em seu aperto monetário, enquanto o noticiário político local elevava a cautela de investidores.

Às 9h10, o dólar à vista avançava 1,97%, a R$ 4,7094 na venda. O dólar fechou a última sessão, na quarta-feira (20), em queda de 1,03%, a R$ 4,6186.

O Banco Central fará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2022.

A Bolsa de Valores brasileira retoma as operações nesta sexta-feira após permanecer fechada na véspera por conta do feriado de Tiradentes.

Na sessão de quarta-feira (20), o Ibovespa fechou em baixa de 0,62%, aos 114.343, no que representou a quarta queda consecutiva do índice de ações.

O movimento foi puxado por ações de exportadoras de commodities como Vale e Usiminas, após as empresas reportarem volumes de produção de aço e de minério abaixo das expectativas dos analistas.

As ações da Natura também fecharam em forte baixa na quarta, de 15,6%, com analistas de mercado prevendo resultados fracos da empresa de cosméticos no primeiro trimestre de 2022. Os números serão divulgados no dia 5 de maio.

“De modo geral, esperamos um trimestre fraco, puxado por uma dinâmica ainda desafiadora das operações da Avon na América Latina, a desalavancagem operacional na TBS (The Body Shop) e uma performance mais fraca na Avon Internacional devido ao conflito da Russia e Ucrânia”, dizem os analistas da XP.

Já no acumulado do ano, os ganhos do Ibovespa ainda são de cerca de 9,1%, impulsionados pelas exportadoras de matérias-primas e pelos grandes bancos, no radar de investidores estrangeiros em busca de rendimentos polpudos em mercados emergentes.

Em um cenário macroeconômico global que tem favorecido a atração de recursos ao mercado brasileiro com a alta das commodities e a guerra na Ucrânia afastando investidores da Europa, o dólar voltou a recuar frente ao real na quarta.

O dólar comercial cedeu 1,04% na sessão passada, cotado a R$ 4,6190 para venda. No ano, a divisa estadunidense já recua aproximadamente 17% ante o real.

Alta de juros globais Nas Bolsas dos Estados Unidos, a sessão de quinta-feira (20) foi marcada por um sentimento de maior aversão ao risco por parte dos investidores.

O índice Nasdaq, com maior presença de empresas de tecnologia, teve desvalorização de 2,07%, enquanto o S&P 500 cedeu 1,48% e o Dow Jones caiu 1,05%.

O humor dos investidores refletiu sinalizações transmitidas pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) acerca de uma postura mais agressiva no processo de alta de juros para combater a inflação, com possíveis impactos para a recuperação da atividade econômica em curso na região.

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa de juros estará “na mesa” quando o BC americano se reunir em 3 e 4 de maio para aprovar a próxima alta deste ano. Powell também sinalizou que poderá ser necessária uma série de aumentos de meio ponto, num conjunto agressivo de ações do Fed.

Ações de tecnologia acabam sendo as mais penalizadas pelos investidores, em um ambiente de juros mais altos esperados à frente que tende a reduzir os lucros projetados pelos analistas para os negócios digitais no longo prazo.

No setor, os papéis da Netflix voltaram a fechar no campo negativo nesta quinta, em queda de 3,41%, após o tombo de 35,1% no pregão anterior.

As vendas maciças vêm após a empresa de streaming reportar a perda de 200 mil assinantes no primeiro trimestre do ano, além de indicar que outros 2 milhões devem sair até julho.

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