O outono começou oficialmente no dia 20 de março e, com ele, avançou a previsão de encerramento do El Niño. Segundo especialistas, a transição do El Niño para o La Niña terá um intervalo mais curto que o habitual neste ano. O período de neutralidade entre os dois fenômenos costuma levar muitos meses, mas a previsão é de que ocorra entre os meses de abril e junho.
Os fenômenos causam atividades climáticas opostas nas regiões do Brasil. Por isso, a transição trará mudanças para a agricultura e também para a geração de energia. O El Niño provocou episódios de chuvas intensas no sul do país, com cidades decretando situação de emergência por causa dos estragos das fortes precipitações. A situação da região central e norte foi de muito calor, recordes nos termômetros, secas intensas e baixo volume de chuvas.
Agricultura
O El Niño e o La Ninã são dois fenômenos climáticos que ocorrem no Oceano Pacífico na altura do Equador e alteram o clima na América do Sul. Antes da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), agência de clima dos Estados Unidos, apontar a chegada do El Niño em 8 de junho de 2023, o Brasil estava entrando no terceiro ano consecutivo dos efeitos do La Ninã.
O sul do país vivia uma das maiores secas da história, com uma estiagem severa que estava afetando a agricultura. No entanto, não há um equilíbrio na mudança de fenômeno, pois o El Niño gerou estragos com as chuvas intensas e enchentes no sul.
O professor Pedro Luiz Côrtes, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), explicou que veremos a inversão da situação novamente, com a transição para temperaturas elevadas e secas no sul e a mudança do período de secas para uma estação mais chuvosa na região mais próxima a Amazônia. Ele comentou a situação durante a transição no centro do país.
“O aquecimento intenso da região do Mato Grosso do Sul e Pantanal deve permanecer até o segundo semestre, então é importante já estarmos alertas para redobrar a vigilância e reforçar as equipes de combate com o risco de incidência de queimadas e incêndios florestais. Resumindo, vamos ter um período de estiagem significativo e a temperatura deve permanecer acima da média do período”, contou.
Produção de energia
Os prejuízos para a agricultura vão desde o plantio tardio a perda da safra, consequente, os problemas podem afetar o preço dos produtos no comércio. Além da agricultura, a mudança de clima impacta também na produção de energia, pois a maior donet da geração brasileira são as hidrelétricas.
Côrtes contou que há uma orientação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para que as hidrelétricas conservem o nível dos reservatórios alto, pois será preciso ter água suficiente no período de estiagem. A reserva é necessária para evitar o suor das termelétricas, que obriga a atuação da bandeira vermelha nas contas de luz.
A energia também é modulada conforme o clima predominante por causa dos fenômenos naturais. Com o calor extremo do ano passado e parte deste ano, as pessoas utilizaram mais aparelhos elétricos como ares condicionados, ventiladores, geladeiras e freezers. Desta forma, então, o professor da USP ressaltou que a geração de energia solar e eólica são alternativas para manter a demanda da população brasileira.
*Com informações do Jornal da USP
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