Ney Franco explica saída do clube esmeraldino após acesso à elite do futebol nacional (Foto: Rosiron Rodrigues/Goiás EC)

Pela primeira vez desde que deixou o cargo de técnico do Goiás, o técnico Ney Franco explicou os motivos que o fizeram optar por não renovar contrato com o time esmeraldino. Em entrevista à Sagres 730, o treinador disse que precisa retornar aos Estados Unidos para retomar um projeto, mas deixou claro que não está fechado a propostas de outros clubes.

“Foi uma decisão difícil de ser tomada. Eu me reuni hoje com o presidente do clube e com o Túlio. Foi uma decisão tomada por conta dos meus projetos particulares”, disse o treinador que tem uma escolinha de futebol em Orlando e uma empresa que vai trabalhar em conjunto com a Florida Cup, competição que ocorre em janeiro e reúne diversos clubes do futebol internacional.

Ney Franco deixou claro que não há proposta de nenhum clube do futebol brasileiro. A ideia é concluir o curso de treinador da CBF, na categoria pro, e retornar para os Estados Unidos. Porém a decisão não significa que ele não está aberto a propostas para o início da próxima temporada.

“Se for uma oportunidade, pode ser daqui um, dois ou três meses e for interessante para a minha carreira, eu vou estudar. Estou aberto para trabalhar em um clube do futebol brasileiro. A minha saída do Goiás não significa que estou fechado para um trabalho em outro clube dentro da Série A do futebol brasileiro”, garantiu.

Com negócios nos Estados Unidos, Ney Franco vai retornar para o país norte-americano neste final de ano para não correr o risco de perder o green card, visto permanente de residência nos Estados Unidos para estrangeiros. Pelo esmeraldino, o treinador comandou o time em 34 jogos, com 18 vitórias, 5 empates e 11 derrotas. O aproveitamento foi de 57,8% dos pontos disputados, com a conquista do acesso à Série A do futebol brasileiro.

Entrevista na íntegra com Ney Franco, ex-treinador do Goiás

SAÍDA DO GOIÁS

Foi uma decisão difícil de ser tomada. Eu me reuni hoje com o presidente do clube, com o Túlio. Foi uma decisão tomada por conta dos meus projetos particulares. Eu preciso retornar para os Estados Unidos, tenho atividades da minha empresa com a organização da Florida Cup. Vamos levar filhos de veteranos para disputar essa competição e preciso de dois meses dentro dos Estados Unidos para resolver problemas particulares. Decisão difícil de ser tomada, mas não é um adeus, é um até breve ao Goiás. Trabalho de mão dupla, bom para os dois lados, e principalmente para mim. Para o meu currículo foi bom ter dirigido o Goiás e conseguir o objetivo maior que era colocar o clube na Série A. Tomo a decisão sem pesar, mas com a certeza que no futuro nos reencontraremos para um novo trabalho de sucesso à frente dessa agremiação.

ABRIR MÃO DO PROJETO SÉRIE A

Tem decisões que dependem de mim, que podem ser tomadas aqui do Brasil, mas eu prefiro estar presente. É momento de deixar um outro profissional chegar, sem tanto vínculo afetivo com o grupo. Este grupo vai passar por transformações, muitas mudanças. É importante vir um treinador competente que não tem tanto vínculo. Nessa recuperação, nos desenvolvemos muito, não só técnico, mas também afetivo. Nesse momento de mudança, acho mais inteligente um outro treinador fazer este papel.

 PESO DA FAMÍLIA

Em relação a família, quem decide minhas questões profissionais sou eu. Sempre converso com minha esposa, mas o que definiu a minha não permanência são meus projetos. Consegui recentemente uma estabilidade para continuar nos Estados Unidos e conseguir o meu green card. Quando você consegue o green card, você tem de morar no país. Então tenho de ficar para não correr o risco de perder. Preciso ficar pelo menos uns dois meses.

QUANDO TOMOU A DECISÃO

Essa decisão foi tomada na sexta-feira e no sábado após a nossa conquista. Coloquei na balança alguns prós e contras. Coloquei para a diretoria o meu posicionamento, este que fiz, torço para que o Goiás se acerte com um novo treinador e comece a temporada bem. Fica aqui meu sentimento, foram seis meses de trabalho muito intenso, de muita entrega.

FUTURO ESMERALDINO

A questão financeira é muito importante no futebol, mas acredito muito no trabalho, no olho, no feeling de quem trabalha. O exemplo é o Palmeiras. Mesmo com todo investimento, o time começou o campeonato bem ruim, mas depois se recuperou com a chegada de um técnico experiente, que é o Felipão, junto com seus pares e conseguiu reorganizar a casa. Eu acredito no trabalho. Não adianta apenas dinheiro e estrutura, mas sem competência. O Goiás tem profissionais qualificados. Espero que, dentro dessa formação, quem venha trabalhe e tenha êxito.

FUTURO DE NEY FRANCO

De imediato, eu retorno para os Estados Unidos. Tenho o meu último módulo do curso de treinador da CBF, na categoria pro, onde vou realizar entre o dia 4 e 15 de dezembro na Granja Comary. No fim de ano, consigo a minha habilitação. Mas logicamente, se aparecer alguma oportunidade, eu tenho de estudar. Se for uma oportunidade se vai ser daqui um, dois ou três meses e for interessante para a minha carreira, eu estou aberto para trabalhar em um clube do futebol brasileiro. A minha saída do Goiás não significa que estou fechado para um trabalho em outro clube dentro da Série A do futebol brasileiro.

NÃO AO ATLÉTICO NACIONAL DA COLÔMBIA

Fiquei orgulhoso de receber, foi num momento de recuperação do Goiás. Mas eu teria de me desligar de imediato do Goias. Por ter já passado por uma experiência dessas no Coritiba, quando a gente era líder e nós recolocamos o Coritiba na Série A com título, eu acreditei no Goiás e não poderia deixar o Goiás, que acreditou no meu nome. Eu ficaria desconfortável se aceitasse. Um clube que tinha praticamente uma vaga na Libertadores. Mas decidi ficar. Na época, não quis divulgar esta oferta de trabalho, evitei ao máximo segurar essa informação. Não levei a proposta para a diretoria do Goiás. Depois de um mês que passou, fiz o comentário, mas fiz mais em forma de agradecimento pelo Goiás ter me dado uma oportunidade como essa. Fomos vitoriosos, ficamos em quarto. Tivemos momentos em que poderíamos lutar pelo título, mas vacilamos dentro de casa, contra o Londrina, Ponte Preta e Avaí. Nosso aproveitamento dentro de casa.

AGRADECIMENTO AO TORCEDOR

Queria aproveitar o espaço para agradecer o torcedor, pedir desculpas por alguns momentos que fizemos o contrário que o torcedor pensava. Mas sei que ele teve paciência, acreditou que daria certo. E deu certo por isso. Nos momentos mais difíceis, o torcedor foi ao estádio e nos ajudou. Um carinho enorme no dia-a-dia, isso é muito importante para sentirmos valorizados. Saio com o sentimento de dever cumprido e muito grato por todos. Espero que todos entendam a minha decisão, mas em um futuro próximo estarei de volta ao Goiás.

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