A Aliança em Defesa dos Territórios fez recomendações de combate ao garimpo no Brasil durante a 17ª sessão do Mecanismo de Peritos sobre os Direitos dos Povos Indígenas (EMRIP). As lideranças indígenas dos povos Kayapó, Yanomami e Munduruku estiveram em evento paralelo às agendas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 10 de julho, na sede da entidade, em Genebra.

Juntos, Julio Ye’kwana, presidente da Associação Wanasseduume Ye’kwana (Seedume) e Doto Takak Ire, presidente do Instituto Kabu fizeram as recomendações para uma plateia com diversos dirigentes de órgãos da ONU, do governo brasileiro e da sociedade civil.

Eles denunciaram os impactos do garimpo ilegal em suas terras e na saúde dos indígenas. As recomendações são direcionadas ao governo brasileiro, dentre as quais destacam-se quatro “urgentes”.

Mulheres Munduruku da Aldeia Sawre Apompu pescam em rio contaminado por mercúrio (Foto: Julia H)

Elas são o controle do uso do mercúrio e o monitoramento e tratamento das pessoas contaminadas por mercúrio. E a desintrusão completa e permanente de todos os territórios indígenas invadidos, e ainda a regulamentação da cadeia do ouro no Brasil, com a criação de mecanismos de rastreabilidade da origem.

Efetividade

As recomendações são pedidos de efetividade em ações contra o garimpo ilegal em terras indígenas no Brasil, com esepcial atenção para as extrações de ouro e mercúrio. “É importante a gente falar na ONU para que conheçam internacionalmente a nossa luta”, disse Julio Ye’kwana. 

Mesmo com a mudança de governo federal no país, que para as lideranças indígenas é mais favorável às suas questões, eles argumentaram que o Legislativo ainda impede que as ações de proteção aos seus territórios avancem. Os indígenas associam o seu modo de vida à proteção da natureza e à mitigação das mudanças climáticas.

Julio Ye’kwana discursa na plenária principal do EMRIP da ONU, em Genebra (Foto: Marina Vieira)

“Nós protegemos a floresta, nós protegemos o mundo. E fazemos isso para continuarmos vivendo”, afirmou Julio Ye’kwana. Doto Takak Ire, presidente do Instituto Kabu, apontou que “são os próprios brancos que estão querendo acabar com o mundo”.

Julio Ye’kwana reiterou o combate ao garimpo ilegal e reafirmou que os indígenas protegem as florestas. “Hoje sofremos com o garimpo e com a contaminação dos nossos rios, dos nossos peixes. O ouro é sagrado, ele tem que ficar no subsolo, não é para retirar de lá. Queremos continuar a beleza que temos em nossas florestas”, finalizou.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes.

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