Em Goiânia, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (PCD) foi marcado pelo lançamento da revista Mulheres Empoderadas, um projeto idealizado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas em parceria com a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres e com o GoiâniaPrev.

Em entrevista ao Sagres em Tom Maior #155 desta quinta-feira (3), o titular da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, Filemon Pereira, explica o objetivo da iniciativa.

“Todo esse é projeto é dar visibilidade para essas mulheres. De fato elas enfrentam dificuldades e desafios muito grandes para serem vistas, para conquistarem seus espaços. A gente queria que elas contassem suas histórias, mostrassem suas histórias de superação para servir sobretudo de inspiração para outras mulheres, outras pessoas que vivem os mesmos dramas, dificuldades e desafios”, enumera.

Desafios e dificuldades que a professora aposentada de Educação Física e estudante de Relações Internacionais, Suellen Fernandes, enfrenta diariamente. Para ela, determinada e sempre disposta a alcançar os objetivos, um dos principais problemas diários e que são criados pela própria sociedade é o preconceito.

“Atuar com o preconceito, com pessoas que subestimam a gente ‘Nossa, é deficiente visual, coitadinha, será que ela dá conta’. Eu não sou de ficar quieta, não sou de vitimismo, eu vou à luta, faço academia, estudo, faço faculdade. Toquei minha vida, vida que segue. As pessoas têm essa visão de que deficientes são incapazes, subestimam muito”, afirma.

Suellen Fernandes e Filemon Pereira no Sagres em Tom Maior #155 (Foto: SagresTV)

Ex-candidata a vereadora por Goiânia em 2020, Suellen Fernandes conhece bem os problemas que a cidade possui quando o assunto é acessibilidade. “Ser deficiente é uma luta diária, consigo mesmo, de resiliência, de superação, de não se subestimar, de ir à luta”, afirma. “O céu é o limite, ninguém me segura”, acrescenta.

O secretário Filemon Pereira reconhece que a Pasta também possui limitações, mas destaca que o poder público tem avançado nos últimos anos em relação à acessibilidade.

“Apesar de ser uma secretaria pequena, de recursos pequenos, mas a gente tem algumas ações muito bonitas, efetivas. Talvez a principal delas tenha sido a criação em Goiânia de uma central de aplicação de libras. Aqui em Goiânia, a pessoa com deficiência auditiva pode acessar a secretaria e ter uma ajuda de um intérprete de Libras para questões prioritárias, como uma situação jurídica, uma consulta médica, um encaminhamento para o mercado de trabalho”, afirma. “Goiânia tem uma legislação moderna e unificada sobre calçadas. A parte arquitetônica da cidade, tudo aquilo que for construído daqui para frente, tem que obedecer todas as normas de acessibilidade”, conclui.

Representação na Câmara

Por falar em poder público, no pleito do último dia 15 de novembro, foi eleito o terceiro vereador PCD na história de Goiânia. Willian Veloso (PL) assume em janeiro de 2021 com a missão de transformar a Casa em uma referência e exemplo de inclusão. Suellen Fernandes não conseguiu se eleger, mas sabe da falta que essa representação no parlamento municipal faz.

“Falta muita coisa na questão da acessibilidade, das rampas, vendo como um todo, não só para atender os deficientes visuais. Os sinais sonoros nas principais avenidas. Faz falta sim, alguém para representar a gente e que seja bem abrangente, não focar só em uma deficiência, todas”, afirma.

O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (PCD) foi criado em 1992, um marco para o final da Década das Pessoas com Deficiência (1983-1992) pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Confira a entrevista na íntegra a seguir no STM #155