Desde o início da pandemia do coronavírus mais de 7,8 milhões de brasileiros perderam o emprego ou pararam de trabalhar. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, a PNAD, divulgada pelo IBGE. O estudo revelou também que entre março e maio deste ano 50,5% da população considerada economicamente ativa estava desocupada.

A pesquisa mostrou ainda que deste total 2,5 milhões eram empregados com carteira assinada e a taxa de desemprego chegou a quase 13%, atingindo 12,7 milhões de brasileiros. Esses dados podem ficar ainda piores, de acordo com um estudo recente realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, que estima que a taxa de desemprego possa chegar a 18,7% até o fim de 2020.

Com a dificuldade de conseguir emprego durante a crise, há pessoas que investem no empreendedorismo para seguir no mercado de trabalho mesmo durante a pandemia do coronavírus. É o caso da jornalista Andressa Vasconcelos, que depois de meses procurando emprego, optou por abrir uma agência de comunicação e marketing.

“No começo do ano eu me formei em jornalismo e senti a necessidade de me especializar. Então procurei um curso que pudesse agregar meu currículo e percebi que a área de marketing digital estava crescendo bastante”, contou a jovem empreendedora.

Segundo a jornalista o objetivo era ser contratada por uma empresa, mas após cinco meses sem conseguir emprego ela decidiu empreender. “Eu pensei, porque não abrir a minha própria agência de comunicação e marketing. E então surgiu a ideia de criar uma agência com o intuito de posicionar pessoas e marcas no mercado” contou.

Quem também decidiu investir em um negócio próprio nesse período foi o publicitário Kadu Marques. O jovem teve a ideia de montar um negócio após a empresa que ele trabalhava não conseguir manter os contratos devido à crise da pandemia.

“Criei uma página para divulgar os meus trabalhos artísticos, que de certa forma conseguiria ter algum tipo de renda sem precisar ficar saindo muito de casa”, disse.

O publicitário explicou que o negócio ainda está em fase de teste e adequação e afirmou estar otimista com as vendas que têm sido feitas considerando, até mesmo, uma expansão futura.

“Estou considerando como natural que meus clientes por enquanto, são os meus amigos mais próximos e familiares. Tenho uma visão otimista, acredito que partir dessas vendas eu consiga expandir o meu negócio”, pontuou.

Dicas para um empreendimento bem-sucedido

O consultor e especialista em Governança Corporativa, Marcelo Camorim, deu dicas de atitudes que os trabalhadores podem tomar durante este período de dificuldade com o mercado de trabalho.

O especialista explicou o que é importante fazer uma análise e saber em que momento da vida esse trabalhador se encontra, por exemplo, se é um profissional sênior ou um especialista e a partir disso tomar as decisões certas para a carreira.

“O profissional sênior já está estabilizado, tem mais informação e tempo de carreira, por isso pode ter outros sonhos. Já o trabalhador especialista, que está entre os 20 e 40 anos de idade, aposta na carreira, esse profissional vai buscar um novo emprego dentro da sua qualificação técnica e procurar aperfeiçoamento”, explicou.

Camorim esclareceu que é necessário conhecer a área que deseja se inserir. “Conheça o seu mercado, é mais fácil empreender dentro daquilo que você sabe fazer. É preciso também se qualificar cada vez mais para ter domínio da sua área”, afirmou.

O consultor ressaltou que além de ser importante ter experiência no mercado e aperfeiçoamento, é preciso também buscar cursos de gestão. “Existem vários órgãos que ajudam o micro e pequeno empresário a aprender finanças, contabilidade, atendimento ao cliente e logística.  Um dos locais que dão essa assistência ao empreendedor é o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)”, esclareceu.

O planejamento estratégico é outra dica importante para quem deseja empreender, com ele é possível estabelecer quais metas a empresa deve alcançar. “Faz uma grande diferença colocar os pontos que são importantes para o seu negócio em uma folha de papel. Ter um guia e analisar itens como mercado, ambiente, perspectiva, produto e para quem você irá vender”, explicou Marcelo.

Segundo Camorim, é necessário que haja uma mudança de percepção por parte dos trabalhadores, e que eles aprendam a ver as coisas de uma forma mais positiva, para que assim seja possível encontrar, até mesmo em meio as crises, as oportunidades de empreender.

Palloma Rabêllo é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a PUC Goiás sob supervisão do jornalista Johann Germano.