A respiração bucal é um problema de saúde comum, especialmente em crianças. Cerca de 30% das crianças em idade pré-escolar sofrem com a síndrome da respiração bucal (SRB), condição que pode prejudicar a qualidade do sono, o crescimento, a postura, e até o desempenho escolar.
Esses dados ressaltam a importância de identificar e tratar a condição o quanto antes. A respiração bucal impede o processo natural pelo qual o ar é filtrado, aquecido e umidificado ao passar pelas narinas.
Isso pode causar sono de má qualidade, com sintomas como ronco, pausas respiratórias e apneia do sono; infecções respiratórias recorrentes, já que o ar não passa pelo filtro natural do nariz; alterações no desenvolvimento facial e dentário, como má oclusão e desalinhamento da arcada dentária; além de Dificuldade de concentração e irritabilidade, agravando o desempenho escolar.
De acordo com a otorrinolaringologista Juliana Caixeta, os sinais mais comuns incluem boca seca, cansaço frequente, halitose (mau hálito), voz anasalada e dificuldade de mastigação. “No entanto, há casos em que a respiração bucal é crônica, e é necessário buscar atendimento de um médico otorrinolaringologista”, orienta.
Causas da respiração bucal
As principais causas da SRB incluem rinite alérgica, aumento das amígdalas ou adenoide, desvio do septo nasal e malformações faciais ou lesões nasais. Em crianças, o hábito pode começar na primeira infância e passar despercebido pelos pais.
Quando não tratado, pode gerar alterações ortodônticas e posturais permanentes. Crianças com SRB podem apresentar alterações no crescimento facial e no sistema mastigatório, o que pode dificultar a deglutição e mastigação.
Segundo a Dra. Juliana Caixeta, a língua tende a se posicionar inadequadamente, pressionando as arcadas dentárias, o que reduz o espaço para os dentes. Além disso, alterações posturais, como desvio da coluna e do tórax, também são comuns.
“Crianças com respiração oral podem apresentar alterações ortodônticas e de desenvolvimento facial. Quanto antes tratadas, menor o impacto dessas alterações. Portanto, os pais devem procurar orientação médica logo que notarem a persistência do sintoma”, explica Juliana Caixeta.
Tratamento da respiração bucal
O tratamento para a SRB é multidisciplinar e inclui otorrinolaringologistas e alergistas, para identificar e tratar a causa do problema; fonoaudiólogos, que trabalham a reabilitação da musculatura oral; ortodônticos, que corrigem alterações dentárias causadas pela respiração bucal; e, em casos mais graves, pode ser necessário realizar cirurgias para desobstruir as vias aéreas.
“Quando o tratamento é realizado na infância, as chances de sucesso são bastante grandes. Com o passar dos anos, no entanto, alguns problemas causados pela respiração bucal podem se tornar irreversíveis. Mesmo assim, com o acompanhamento médico, é possível minimizar e, em alguns casos, neutralizar totalmente os danos e dar mais qualidade de vida aos pacientes”, esclarece Juliana Caixeta.
Se seu filho apresenta sinais como boca constantemente aberta, ronco frequente, dificuldade de concentração ou alterações no desenvolvimento facial, procure um especialista. O diagnóstico precoce evita consequências graves e promove mais qualidade de vida.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e Bem-Estar.