Após acesso em 2018, Ney Franco, atual técnico da Chapecoense, vai reencontrar Goiás (Foto: Rosiron Rodrigues/Goiás EC)

A segunda-feira vai ser especial para Ney Franco e a torcida do Goiás. Responsável pelo acesso esmeraldino à Série A do ano passado, o treinador atualmente defende a Chapecoense, próximo adversário do clube goiano pelo Campeonato Brasileiro. Ansioso pelo reencontro, Ney Franco concedeu entrevista à Sagres 730, agradeceu a Michael pelos elogios e disse que o jogador será a grande revelação brasileira neste ano.

“Isso é um reconhecimento público. O que mais gratifica a gente, de forma profissional, é ter esse reconhecimento de atletas que você ajudou no processo de formação e no sucesso para que ele consiga seu objetivo. Ouvir uma declaração como essa do Michael me enche de orgulho e, logicamente, me dá mais ânimo para eu seguir na minha linha de trabalho e de comunicação com os atletas. Mais do que um treinador de alto nível, eu sempre coloquei na cabeça que eu preciso ser um educador e ajudar o jogador nesse processo. O Michael é um destes talentos. Vimos que ele tinha condição de ajudar o Goiás na Série B. Ele foi o grande nome da Série B e eu digo mais. Ele tem condição de ser uma das revelações da Série A do Brasileiro. Recebo com satisfação uma declaração dessas. Mas ele só conseguiu por conta do empenho dele. Ele tem o talento e comprou a ideia do treinador, da forma de jogar e se propôs a trabalhar. Assim ele mostrou toda a sua capacidade e o seu talento para defender bem o clube”, disse Ney Franco.

Antes da chegada de Ney Franco, Michael era pouco utilizado e, às vezes, nem figurava no banco de reservas. A situação era tão negativa que o jogador, em entrevista à Sagres 730, disse que chegou a pensar em deixar a equipe e se transferir para o rival Atlético. Porém, com o novo treinador, Michael cresceu e se tornou a referência técnica do Goiás no acesso à Série A.

Por isso, Michael apontou Ney Franco como uma das três principais pessoas que ele conheceu na carreira.

““Dentro do futebol, eu tenho três pessoas que carrego para o resto da minha vida. O Fabricio Carvalho, meu primeiro técnico e quem me deu a minha primeira oportunidade, o Seu Hailé (Pinheiro) que foi quem me trouxe e me ajudou muito. Mas no ano passado, esta lista ganhou mais um, que foi o Ney Fraco. Ele me deu oportunidade, sequência de jogos me ajudou muito fora de campo com conselhos. Eu nunca tive base, o Goiás é a minha base e o Ney me ajudou. Eu tenho de agradecer a Deus. Se estou aqui no Goiás, foi graças a essas pessoas”, disse Michael.

Além do carinho com Michael, Ney Franco não esqueceu o Goiás. Após ter deixado o clube em dezembro para cuidar de negócios nos Estados Unidos, o treinador retornou ao Brasil em março para assumir a Chapecoense. Prestes a enfrentar o ex-clube, Ney Franco disse que será uma sensação especial e que projeta voltar a trabalhar no time esmeraldino no futuro.

“Lógico, isso está nos meus planos. Espero também estar nos planos do Goiás para um dia retornar. Goiânia foi uma cidade que me acolheu muito bem, fiz amizades. O Goiás hoje está muito bem treinado, tem um ótimo treinador que é o Claudinei e tem uma ótima comissão técnica. Para o futuro, não consigo prever isso, eu tenho esse pensamento de voltar ao Goiás pelo clube, pela torcida, estrutura e também pela cidade que é espetacular”, resumiu.

Ney Franco também falou sobre o momento vivido na Chapecoense e também detalhou como foi o trabalho com Michael para que o jogador se tornasse a sensação do futebol goiano neste ano de 2019.

Leia a entrevista na íntegra com o técnico Ney Franco

 

Ansioso pelo reencontro com o Goiás

Sem dúvidas. É uma grande oportunidade de voltar a Goiânia, onde passei um período no ano passado. Fui muito bem recebido e vou reencontrar pessoas que trabalharam comigo, um clube que ofereceu todas as condições para eu fazer o meu trabalho. É uma chance de rever pessoas que fizeram parte da minha vida. Foi uma passagem muito boa, fiz um bom trabalho profissional e fiz grandes amizades. Vai ser um prazer reencontrar essas pessoas.

O Goiás significou um renascimento na carreira?

Foi um projeto bom para os dois lados. Para mim foi excelente. Eu estava há um tempo sem trabalhar no Brasil e voltei para uma equipe que me deu todas as condições para eu desenvolver o meu trabalho. É mais um trabalho consistente que tenho no meu currículo. Quando você faz um trabalho assim em uma equipe tradicional, como o Goiás, isso gera repercussão nacional. O clube passava por dificuldades para se acertar na Série B. Com o meu trabalho e de todos os profissionais do Goiás, colocamos o clube na Série A. O Goiás é um clube de Série A e precisa se manter nesta série.

A Chapecoense já enfrentou Internacional, Flamengo, Corinthians, Cruzeiro e Athletico. Não é uma tabela ingrata?

Foi um início bem difícil contra equipes de ponta. Mas tirando o jogo com o Fortaleza, em casa, nós jogamos muito bem. Estamos com uma cara bem interessante no Brasileiro. Não queremos correr risco. A exigência da diretoria é permanecer na Série A, mas queremos mais que isso. Queremos dar um salto de qualidade na temporada e uma classificação para a Sul-Americana. Quem sabe até surpreender e colocar o time na Libertadores. Se conseguirmos isso, vai ser uma oportunidade ainda maior para a Chapecoense na temporada.

Como você vê o bom momento do Léo Sena?

Não me surpreende. Eu comungo com a opinião de todos, de que o Léo é um talento. Tem condições de jogar não só na Série A, ele tem perfil para jogar em grandes equipes do futebol europeu. Eu gosto da técnica dele. Mas faltava esse trabalho mesmo de conscientização. Eu vejo os jogos do Goiás e o Goiás sofre quando o Léo não joga. Ele é importantíssimo para o Goiás e está em um momento muito bom. Torço para a garotada do Goiás, para os meninos da base. O Jefferson também está em um ótimo momento. Eu torço para que todos se deem bem. O Léo é um bom menino, bom garoto. Fico feliz que ele está vivendo esse bom momento e vai ser mais uma dor de cabeça a mais para eu montar a equipe além do Michael.

Você tentou ajuda-lo nessa tentativa de conscientização de entender que ele precisava ser mais profissional, como ele próprio admitiu?

Eu tive algumas oportunidades de conversar com o Léo sobre partes técnicas e táticas do jogo. Como educador, também dei conselhos para o Léo. Eu via que no fundo, além da qualidade técnica, ele é um garoto que tem tudo para vingar no futebol. Ele tem outras pessoas que ajudam nesse processo. Ele é muito querido no clube, as pessoas querem o bem dele. No ano passado, o presidente conversou muito com o Léo, o Mauro e o Túlio também. Pelo que vejo, ele fez uma boa pré-temporada, está melhor fisicamente. Com certeza esse bom desempenho dele é bom para todo mundo. O clube ganha por causa do retorno técnico e pode ter também uma possível negociação financeira. O atleta também precisa de resultados porque ele entende que esse é o ganha pão dele.

Michael apontou você como uma das três pessoas mais importantes da carreira dele – os outros dois são o técnico Fabrício Carvalho e o dirigente do Goiás Hailé Pinheiro. Como você recebeu essa declaração dele?

Eu vejo como grande satisfação. Isso é um reconhecimento público. O que mais gratifica a gente, de forma profissional, é ter esse reconhecimento de atletas que você ajudou no processo de formação e no sucesso para que ele consiga seu objetivo. Ouvir uma declaração como essa do Michael me enche de orgulho e, logicamente, me dá mais ânimo para eu seguir na minha linha de trabalho e de comunicação com os atletas. Mais do que um treinador de alto nível, eu sempre coloquei na cabeça que eu preciso ser um educador e ajudar o jogador nesse processo. O Michael é um destes talentos. Vimos que ele tinha condição de ajudar o Goiás na Série B. Ele foi o grande nome da Série B e eu digo mais. Ele tem condição de ser uma das revelações da Série A do Brasileiro. Recebo com satisfação uma declaração dessas. Mas ele só conseguiu por conta do empenho dele. Ele tem o talento e comprou a ideia do treinador, da forma de jogar e se propôs a trabalhar. Assim ele mostrou toda a sua capacidade e o seu talento para defender bem o clube.

Quando você percebeu que o Michael se tratava de um jogador especial?

Foi dentro do treinamento. Já no primeiro dia, quando eu chego em um clube, eu pego a informação de todos os atletas, faço o estudo de onde eles vieram e quais os clubes já jogaram. Com o Michael, eu vi que ele não tinha um bom currículo. Conversei com ele sobre essa questão de ser um peladeiro. Disse que ele tinha de mudar isso nos treinamentos e nos jogos porque depois que as pessoas batem o martelo e começam a chamar o cara de peladeiro, peladeiro, ele vai comprar a ideia e depois vai ficar difícil mudar. Eu propus a ele um treinamento, disse que ele teria oportunidades e ele acreditou. Desde o início, percebi que ele era talentoso. É a forma como eu gosto de armar a equipe, com jogadores de velocidade. E o Michael sobressaiu a outros atletas. Ganhou oportunidade, treinou bem e foi determinante nas nossas vitórias. Esse reconhecimento, esse crescimento é merecido pela entrega dele.

Na segunda-feira, o Michael vai ter gratidão ou vai te dar dor de cabeça?

Ah… com certeza ele vai dar dor de cabeça. Temos de desassociar as coisas. Por mais carinho que eu tenha pelo Goiás e pelo Michael, hoje eu estou defendendo a Chapecoense e preciso fazer de tudo para vencer o jogo. Lógico que respeito o Goiás, clube que tenho muito a agradecer na minha carreira. Do outro lado te o Michael. Por mais que ele tenha carinho por mim, respeito e gratidão, ele vai querer dar a vitória ao Goiás. Mas depois que termina o jogo, vamos ter mais um contato. O meu tratamento com ele vai ser bem carinhoso porque é um jogador que me ajudou muito dentro de campo. Ele fez tudo que eu pensava sobre futebol, com atacantes de beirada, eu consegui com ele. Ele tem esse agradecimento, mas eu também tenho. Ele foi uma chave, uma peça importantíssima na nossa campanha de recuperação no Brasileiro e também no acesso à Série A. O Michael foi determinante.

Você espera ser aplaudido pelo torcedor do Goiás?

Acho que o torcedor vai para o jogo para apoiar a equipe. Claro que tem clubes que a gente deixa uma marca, mas eu tenho certeza que o torcedor tem respeito por mim. Eu também tenho muito respeito ao torcedor. Não posso pedir mais que isso. Até hoje recebo muitas mensagens de torcedores do Goiás agradecendo pelo meu trabalho. Do meu lado, eu faço o mesmo. Sempre agradeço ao Goiás por ter apostado no meu trabalho. Era um ano difícil, precisava subir. Se não subisse, seria um ano terrível na parte financeira. Agradeço bastante o Marcelo, Mauro, Túlio, Seu Hailé. Agradeço a todos eles por terem me dado essa oportunidade de subir o Goiás.

Pensa em retornar ao Goiás no futuro?

Lógico, isso está nos meus planos. Espero também estar nos planos do Goiás para um dia retornar. Goiânia foi uma cidade que me acolheu muito bem, fiz amizades. Por questões pessoais, eu não fiquei. Já falamos sobre isso, eu tinha problemas a serem resolvidos e eu precisava ficar três meses fora do Brasil para resolver. Isso foi resolvido e depois disso eu recebi uma proposta da Chapecoense. O Goiás hoje está muito bem treinado, tem um ótimo treinador que é o Claudinei e uma ótima comissão técnica. Para o futuro, não consigo prever isso, eu tenho esse pensamento de voltar ao Goiás pelo clube, pela torcida, estrutura e também pela cidade que é espetacular.

Escute a entrevista com Ney Franco à Sagres 730

{source}
<iframe width=”100%” height=”166″ scrolling=”no” frameborder=”no” allow=”autoplay” src=”https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/633388116&color=%23ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true”></iframe>
{/source}

.