Zé Eliton, Alexandre Baldy e Marconi Perillo. Foto de Wagnas Cabral.

 

O governador Zé Eliton (PSDB) tem mantido ritmo forte de movimentação e exposição pessoal, e de ações do governo, no pique que costumava apresentar o ex, Marconi Perillo. Não deixou criar vácuo na transição do poder.

Tem também mostrado disposição para buscar diálogo com os partidos aliados. A união é a força do grupo que está no poder há 20 anos, e ele não dá margem ao azar, ou à ação dos adversários. Procura fazer a sua parte para tentar a reeleição.

O discurso, no geral, falando em mudança e novo tempo novo, é outro ponto positivo nestes primeiro dias no Palácio das Esmeraldas. E veio como sinal de boa sorte o anúncio, feito pela Caixa, de que Goiás está autorizado a contratar novas operações de crédito. Significa que haverá dinheiro em caixa, para tocar a administração até outubro – e depois.

Mas… Tem um mas.

Nem tudo é comemoração.

Não bastasse a falta de entendimento entre o próprio governador e o presidente do PSD, Vilmar Rocha, a relação ficou mais azeda com recentes declarações do tucano secretário (“Secretário chefe gestão de gabinete do estado de Goiás”, na definição literal em sua conta no Twitter) Jardel Sebba contra Vilmar, que voltou a pregar aos não convertidos da base aliada que Eliton não será candidato.

“Oportunista, desleal e fazendo política com o Intestino Grosso.” bateu Jardel, no Twitter. Vilmar respondeu sem responder, deixando claro que Jardel não é interlocutor que ele preze. Nessa cadência.

O clima, já pesado, ganhou mais uma tonelada de ressentimentos e má-vontade. Poluição política capaz de ser engolida nas vias de fato das articulações eleitorais? Pode ser. Haja estômago.

Nem a boa notícia da declaração antecipada de apoio do PTB chegou tão boa assim. Chegou com uma fatura: a pré-candidatura de Demóstenes Torres ao Senado. Só não entra na conta de fatura se for fato que Zé Eliton estimulou tudo. Mas aí a conta aumenta, em outra direção.

Com Demóstenes candidato, como fica Lúcia Vânia? É a questão que retorna ao horizonte, depois de parecer resolvida. A chapa estava assimilada: Zé Eliton governador, Marconi e Lúcia senadores. Sobre o vice, fala-se depois. Com o PP, por exemplo.

Pode ser que Demóstenes seja vice, solução considerada dentro do contexto por aliados. Mas aí também há problemas. Desgastes, com exposição nacional, que já é fato por conta de outros fatos, como a volta de processos de Marconi Perillo para a primeira instância.

Tudo logo será poeira, eis a esperança. Mas, até lá… Como virará pó, acreditam os governistas, o impacto da pesquisa Serpes que mostrou Zé Eliton oscilando dentro da marca do 6%, ou empacado, na avaliação dos mais pessimistas, no balanço das muitas idas e vindas pelo interior na onda do programa Goiás na Frente, desde o ano passado. 

Por ora, a situação é, no mínimo, de compasso de espera. Dúvida pró-governador novo. E tem isso: a reação da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa ao presidente do partido, deputado federal Giuseppe Vecci, que destituiu os diretórios de Goiandira, Cumari, Campo Alegre e Ouvidor.

Destituiu e entregou a tarefa de reorganizar as comissões a um candidato a deputado estadual com quem, apontam os tucanos descontentes, fará dobradinha na eleição em outubro. Os municípios fazem parte da base do deputado Gustavo Sebba, filho de Jardel, e desde já candidato à reeleição.

Faltou algo? Vamos falar do PP. Embora haja apoios praticamente fechados de deputados federais como Roberto Balestra e Heuler Cruvinel ao governador, há na outra ponta incerteza quanto ao que pretende fazer com o partido o seu novo presidente, ministro Alexandre Baldy.

Baldy não fecha questão a favor de Eliton. Acena daqui e dali para o MDB de Daniel Vilela e para o DEM de Ronaldo Caiado. É potencial indicador do vice, ou ‘da’ vice, de todos.

Baldy, que acaba de ganhar destaque nacional com suspeita de ter recebido repasses do lobista Milton Lyra, preso sob suspeita de irregularidades no fundo de pensão dos funcionários dos Correios (o Postalis).

O governo coça a cabeça por outra questão decisiva, que pode ser definida como síndrome da virada de comando do poder. Quem é do ramo da política sabe bem como é sucessão entre aliados. O clima sempre fica mais para desalinhados.

Assim: tem marconista que não assimilou a perda de poder para o grupo do novo governador; e tem integrante do novo governo que, em vez de chegar na ponta dos pés, está arrombando porta, com a força do novo tempo novo se estabelecendo.

E tem essa coisa que surge como obra dos 20 anos de vitórias acumuladas: comunicação para o bem e para o mal. Uma anulando a outra. Uma derrotando a outra, enquanto, com fogos de artifício estourados no alto do Palácio Pedro Ludovico. Fogo amigo é sempre o mais animado em quermesse politica. Nunca estraga prazer de adversário.

Essa acomodação das abóboras no caminhão em movimento, como se diz em bom goianez, leva tempo. A torcida dos que torcem em causa própria do governador, é para nem o caminhão tombar, nem a abóbora se despedaçar. É aí Zé Eliton que se equilibra.

No equilíbrio, ele pode se firmar. No desequilíbrio, só Deus sabe.

 

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