A história e cultura afro-brasileira e indígena já é uma realidade na rede municipal de educação de Goiânia. No I Seminário do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena (Neabi) da Secretaria Municipal de Educação (SME), mais de 50 escolas municipais expuseram projetos complementares com essa temática.

Painel “Mama África – Viajando pela nossa cultura”, projeto desenvolvido por uma das escolas de tempo integral da rede municipal, a EMTI Santo Antônio (Foto: Johann Germano)

Cada um dos 50 banners expostos no evento corresponde a um projeto realizado em uma escola municipal. A Escola Municipal Senador Darcy Ribeiro, localizada no Setor Recanto das Minas Gerais, por exemplo, abordou o tema “Construção de uma educação antirracista”.

O projeto, que está sendo desenvolvido nos anos finais do ensino fundamental, visa a construção de conhecimentos mais sólidos e plurais sobre a história e culturas africana e indígena, “favorecendo a construção de uma educação antirracista no chão da escola”.

O superintendente da SME Marcelo Oliveira fala sobre o trabalho desenvolvido pelas escolas (Foto: Sagres Online)

O superintendente da SME Marcelo Oliveira, destaca a importância da divulgação dos trabalhos realizados nas escolas municipais por meio do seminário do Neabi. “Trata-se da importância ímpar de podermos desenvolver ações que promovam a igualdade, a equidade, que garantam a promoção da paz e tornam o ambiente escolar muito positivo. Esse é um trabalho muito forte da superintendência hoje na busca de se ter uma educação antirracista, que promova e valorize a diversidade”, afirma.

Projeto da EMTI Setor Grajaú valoriza história e cultura dos povos indígenas nas escolas (Foto: Johann Germano)

Mais de 100 projetos

Conforme a doutora e professora da Gerência de Educação Fundamental da SME, Carolina do Carmo Castro, uma das idealizadoras do seminário, são mais de 100 projetos complementares com essa temática. Os trabalhos seguem sendo aplicados junto a professores e alunos da rede municipal de Goiânia.

A doutora e professora da SME, Carolina do Carmo Castro (Foto: Johann Germano)

“O evento de hoje dá visibilidade a ações que são realizadas dentro das nossas escolas parciais e de tempo integral com a temática étnico-racial. Essa iniciativa nasceu de um ofício encaminhado às escolas orientando que pelo menos um dos projetos complementares tivesse a temática étnico-racial. Hoje temos aqui 115 projetos realizados e 52 banners sendo expostos e dando visibilidade a essas ações”, afirma Carolina.

Leis

A coordenadora do Neabi da SME, Warlúcia Guimarães (Foto: Johann Germano)

A coordenadora do Neabi, Warlúcia Guimarães, afirma que a exposição das escolas reforça a importância das Leis 10.639/03 e 11.645/08. Tais leis, sobretudo, tratam da obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” e do estudo da história e cultura indígena, respectivamente. A aplicação, contudo, deve ocorrer nas licenciaturas na área das ciências humanas.

“É preciso entender que essas discussões devem acontecer no âmbito da educação desde o ensino fundamental e educação infantil para que a criança tenha o seu pertencimento, a sua identidade racial respeitada e positivada”, afirma Warlúcia.

Além disso, o Conselho Municipal para a Promoção de Igualdade Racial do Município de Goiânia (Compir) é um dos órgãos que realiza a fiscalização em relação à implentação das temáticas nas escolas. É o que explica o presidente do Conselho Jefferson Acevedo.

O presidente do Conselho Municipal para a Promoção de Igualdade Racial do Município de Goiânia, Jefferson Acevedo (Foto: Sagres Online)

“A gente acompanha o Neabi desde a sua formação. Ele surge, inclusive, por uma provocação da antiga gestão do Conselho à SME sobre a aplicação das Leis 10.639/03 e 11.645/08. A partir disso, a SME constrói um grupo de formação e se transforma no que é hoje, o Neabi. Enquanto Conselho, acompanhamos e ficamos muito felizes de ter esse primeiro seminário e ver, de fato, a política sendo implementada”, avalia.

*Este conteúdo contempla os Objetivos de Desevolvimento Sustentável (ODS) 04 e 10 da Agenda 2030 da ONU, por uma Educação de qualidade e pela Redução das desigualdades, respectivamente.

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