É comum as pessoas usarem fogos de artifício para celebrar alguma conquista ou data comemorativa, como esportiva ou religiosa. No final do ano, Natal e Réveillon são festividades preferidas para os shows pirotécnicos. Historicamente, a prática, presente há mais de um século no Brasil, é herança de imigrantes italianos e portugueses.

Apesar disso, você sabia que é proibido por lei soltar fogos de artifício e artefatos pirotécnicos em recintos abertos ou fechados, em áreas públicas ou locais privados, no município de Goiânia?

Leia também: Para evitar golpes, consumidor deve ficar atento nas compras

Em 2018, a Câmara Municipal aprovou o projeto de lei complementar que proíbe tais atos. De autoria dos vereadores Andrey Azeredo e Zander Fábio, o texto coíbe, em qualquer hipótese, a queima, o manuseio e a utilização, por quaisquer meios, de fogos de artifício, bombas, morteiros, busca-pés e demais artefatos que causem poluição sonora, através de estouros, estampidos e outros.

A matéria também proíbe soltar balões impulsionados por material incandescente, fazer fogueiras sem prévia autorização do órgão municipal competente e a utilização de aparelhos celulares e similares eletrônicos em auditórios, teatros e cinemas.

Mesmo assim, se você insiste em violar a lei municipal, o Sistema Sagres de Comunicação decidiu elencar alguns motivos que podem convencê-lo a não soltar fogos de artifício nas festas de fim de ano.

CONFIRA:

1- Risco de acidentes:

De acordo com o DATASUS, que é o departamento de informática do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, nos últimos anos, em todo o país, houve mais de 8,5 mil acidentes e 120 mortes causadas por fogos de artifícios. Do total de óbitos, 20% foi entre crianças de 0 a 14 anos.

Segundo a tenente Priscila Pires, do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO), entre os riscos mais graves estão a perda de membros, surdez e cegueira. “Uma guarnição atendeu recentemente um homem que foi soltar foguete diretamente com as mãos e acabou explodindo. Os dedos foram dilacerados. O homem ficou com os dedos das mãos pendurados, além de várias marcas de queimaduras na face, no peito e no braço”, e completou: “Os perigos são vários, como queimaduras, perfuração de tímpano, surdez, cegueira, dilaceração de membros e até morte. Por isso recomendamos que não se utilize tal artefato, pois os resultados a gente já sabe”.

Tenente Priscila Pires em vídeo sobre fogos de artifício (Foto: Reprodução/Instagram Corpo de Bombeiros)

2- Saúde de terceiros:

É bom lembrar que ao soltar fogos de artifício você também está incomodando outras pessoas à sua volta, já que são materiais explosivos que fazem bastante barulho. A questão é que esse feito pode passar de um simples incômodo para um transtorno mais grave, como explica a tenente Priscila.

“Soltar foguetes, principalmente aqueles com efeito de tiro causa muito incômodo às pessoas. Idosos, bebês, pessoas em recuperação, com deficiência e principalmente crianças com Transtorno de Espectro Autista (TEA) sofrem muito com o barulho”, afirmou.

Caso você seja uma pessoa que já ignorou o fato de a prática ser proibida por lei e os perigos que podem causar à sua saúde, que tal um pouco de altruísmo e respeito ao próximo?

3- Animais:

Se ainda assim a matéria não te convenceu, temos um terceiro item, que diz respeito ao meio ambiente e aos animais. Quem tem pet em casa sabe o quanto o bichinho fica assustado durante uma queima de fogos. De acordo com a médica veterinária Daniella Guimarães, a audição dos animais é bem mais aguçada que a dos humanos, já que eles conseguem detectar sons até quatro vezes mais distantes.

“Os fogos assustam os animais, que ficam com medo e se sentem em uma situação apavorante. Cada um pode reagir de uma forma, inclusive não se importar com os fogos. Entre as reações mais comuns temos salivação excessiva, tremores, tentar morder quem tenta contê-los, ficarem ofegantes, batimentos cardíacos acelerados e tentativa de fuga”, citou.

Daniella lembrou também que, além do barulho muito alto causar estresse psicológico e físico, os animais podem sofrer acidentes. Tanto que o Réveillon se tornou um dos dias que mais se tem entrada de pets na emergência.

“Esses animais podem tentar fugir e ficar presos em portões, portas, janelas e em brechas das quais o cão não consegue passar, assim como sofrer acidentes se enrolando na própria coleira, guia ou correntes. Podem quebrar vidraças e ter sérios ferimentos. Também há vários casos em que o cão consegue fugir e acaba sendo atropelado. Em situações mais extremas, esses cães podem sofrer até ataques cardíacos”, ressaltou.

Aliás, a tenente Priscila Pires revelou que atendeu a uma ocorrência semelhante à descrita pela Daniella, em que um cachorro ficou preso na grade ao tentar fugir depois de se assustar com fogos de artifício.

“Há alguns dias, em um jogo do Brasil na Copa do Mundo, minha guarnição atendeu a um chamado com uma cadela muito assustada com o barulho. Ela ficou desorientada, enfiou a cabeça na grade de uma janela e ficou pendurada pelo pescoço. A dona ficou muito preocupada. Usamos as técnicas de resgate, foi preciso serrar a grade para fazer a retirada do animal, que realmente estava muito estressado e ofegante”, afirmou.

Médica veterinária Daniella Guimarães | Foto: Arquivo pessoal

Para você dono de pet, aqui vão algumas dicas da veterinária Daniella na hora da virada. Uma forma de acostumar seu bichinho com os barulhos é fazer uma dessensibilização, ou seja, expor gradualmente seu animal a barulhos mais altos, como vídeos, televisão, trovões. Assim, com o passar do tempo, o animal vai se habituando e passa a fazer parte da sua rotina.

No entanto, a especialista destacou que é uma opção que leva tempo. Sendo assim, já para as festividades deste 2022, tome nota:

  • Sempre mantenha seu pet com placas de identificação com pelo menos nome e telefone do tutor. O ideal é que ele fique perto do seu dono e em local conhecido, assim ele se sentirá mais seguro;
  • Caso essa opção não seja possível, jamais deixe seu pet em locais com perigo iminente, como sacadas, próximo a piscinas ou preso por correntes/cordas;
  • Mantenha-o em local livre de perigos, com portas e janelas devidamente fechadas. Construa um lugar aconchegante, pode usar toalhas, cobertores, roupas do próprio tutor, assim o cheiro pode acalmá-lo no seu “esconderijo”. Ele certamente vai se sentir mais seguro;
  • Também podem ser usados protetores auriculares e tentar abafar o barulho no ambiente. Deixe seus brinquedos preferidos e tudo que ele gostar ao seu alcance.

“Leve esse momento muito a sério, com muito amor e paciência com seu animalzinho. Sempre converse com seu médico veterinário de confiança, ele pode te ajudar com técnicas e orientações sobre comportamento animal. Temos também a opção de várias medicações no mercado, convencionais e fitoterápicos, que podem ajudar acalmá-los nesse momento difícil, mas sempre com avaliação e prescrição de um profissional”, salientou Daniella Guimarães.

Além dos cães, gatos e aves passam pelo mesmo estresse e podem se envolver em acidentes ou até morrer em virtude dos fogos de artifício. Esperamos que a gente tenha te convencido. Faça sua parte!

Leia mais: