A defesa das crianças e adolescentes na internet tem sido cada vez mais tema em todo o mundo. No início de março o presidente dos Estados Unidos Joe Biden pediu a proibição da publicidade dirigida a crianças nas redes sociais, e ressaltou que as plataformas devem ser responsabilizadas pelos experimentos lucrativos aos quais estão expondo os jovens estadunidenses por meio da coleta de dados pessoais, e a necessidade de fortalecer a proteção à privacidade infantil.
”Esse pronunciamento do Biden mostra a importância de que a gente enfrente, de uma vez por todas, essa questão da publicidade infantil para proteção das crianças, inclusive as brasileiras”, afirma a coordenadora do programa Criança e Consumo, Maria Mello, em entrevista à Sagres. Assista a seguir a partir de 00:12:00
O Criança e Consumo vem acompanhando a transformação das estratégias de publicidade infantil há anos. Isso acontece cada vez mais no ambiente digital, seguindo tendências e novos formatos e, ainda, de maneira camuflada em conteúdos de entretenimento.
”A gente sabe que muitas empresas ainda burlam a legislação, ainda estão em ‘outro século’ do ponto de vista de boas práticas empresariais. Muitas já se sensibilizaram, outras já foram responsabilizadas pela prática ilegal e abusiva”, afirma Maria Mello.
A coordenadora do programa Criança e Consumo enumera as consequências da exposição de crianças e adolescentes a conteúdos direcionados ao consumo.
”Amplia-se a distância entre a natureza, as brincadeiras livres, criativas, poda-se a capacidade criativa das crianças. Em alguns casos há um processo de erotização precoce, de prejuízos ambientais por causa de um estímulo consumista que vai gerar mais compra e, portanto, mais descarte”, afirma.
Só no Brasil, 91% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usam a internet todos os dias. Maria Mello acredita que a segurança no ambiente virtual precisa estar em primeiro lugar.
”A internet é um espaço do qual a gente não pode privar as crianças, mas a gente precisa fazer com que ele seja um espaço seguro para elas”, conclui.
