O cientista político, Pedro Célio, analisou à Sagres 730 nesta sexta-feira (19) a situação do governo Bolsonaro após a demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação, e a prisão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz. Questionado sobre a sobrevida do governo Bolsonaro, Pedro Célio apontou que desdobramentos dos últimos dias, pode causar uma inflexão nas capacidades de articulação do presidente Jair Bolsonaro.

“Do ponto de vista institucional, Bolsonaro conta ainda com a tranquilidade da maioria no Congresso Nacional que o Centrão propicia, só que o Centrão atua por impulsos fisiológicos e enquanto estiver levando vantagem, quando tiver saindo bem. Na medida em que esses fatos repercutirem fortemente na opinião pública, o desgaste será tão grande que os membros do Central tendem também a se desgarrar. Esse desgarramento, conforme seja a velocidade dele, pode nos dizer algo sobrevida de Bolsonaro”.

Os acontecimentos envolvendo o presidente Jair Bolsonaro começou ainda no inicio da manhã de quinta-feira (18) com a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, em Atibaia no interior de São Paulo. O mandado de prisão preventiva foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro, num desdobramento da investigação que apura esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Estado.

No mesmo dia, Bolsonaro anunciou a demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação. Em 14 meses, o então ministro acumulou polêmicas e se envolveu em um desgaste político com os ministros do Supremo Tribunal Federal. A queda foi confirmada em um vídeo publicado por Weintraub, em que o ministro aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro e lê um texto de despedida.

“A linha de Analise se a gente tinha antes é que ele vai ficar sangrando, sangrando, sangrando até o final do mandato, fazendo de tudo para manter uma fatia do eleitorado que ele acha confiável para ir para o segundo turno. Ele terminaria um governo muito ruim, mas ainda em condições de reeleição, porque ele joga tudo na manutenção da polarização”, disse o cientista político. “Agora daqui para frente vamos ver como vai ficar. Ele próprio cria os fatos contra ele, ele próprio se vincula a esses elementos de corrosão do seu prestígio e da legitimidade que o cargo presidencial ainda lhe empresta”.