Em entrevista à Rádio Senado, Mário Mantovani, renomado ambientalista e figura de destaque no setor público, analisou os principais desafios e caminhos para a gestão pública nos municípios brasileiros. Segundo ele, os prefeitos eleitos têm diante de si uma tarefa árdua, mas estratégias claras podem ser decisivas para garantir melhores condições de vida e saúde à população.

Mantovani destacou que a saúde vai muito além do atendimento em unidades médicas. “A saúde depende diretamente das condições de vida das pessoas, com destaque para o saneamento básico, ou seja, água de boa qualidade na casa de todos e destinação adequada dos esgotos e do lixo”, afirmou.

Ele enfatizou que problemas como a gestão inadequada do lixo doméstico podem atrair doenças para os lares brasileiros. Além disso, o acesso à alimentação, educação, moradia e transporte foram apontados como pilares essenciais para promover saúde de forma abrangente.

“Tudo isso é fundamental para que as pessoas tenham qualidade de vida e não apenas para tratar doenças”, ressaltou.

Atenção básica como prioridade

Na opinião de Mantovani, a atenção básica deve ser o foco das administrações municipais. Ele argumenta que a maior parte das demandas de saúde pode ser resolvida em postos de saúde ou unidades básicas bem equipadas.

“Mais de 70% dos problemas de saúde poderiam ser resolvidos sem grandes sofisticações tecnológicas, mas para isso precisamos de um sistema organizado, próximo das pessoas e que funcione como um cuidado integral”, explicou.

Ele também sublinhou a importância de planos de saúde municipais, elaborados com base em diagnósticos precisos das necessidades locais e aprovados pelos Conselhos Municipais de Saúde. “Isso permite transparência e organização, evitando desperdícios e enfrentando gargalos”, disse.

A pandemia de Covid-19 deixou marcas profundas na cultura de vacinação no Brasil. Mantovani lamentou os efeitos da desinformação promovida durante o período. “Quando o presidente da República nega a importância da vacina, isso causa um desserviço imenso. Nós tínhamos uma tradição de vacinação que foi abalada”, disse ele.

Além disso, ele criticou a desprofissionalização do Ministério da Saúde à época, o que comprometeu o abastecimento de vacinas. “A estrutura foi desmantelada, e reconstruir isso é um trabalho complexo. A falta de vacinas em algumas regiões desmotiva a população e reduz ainda mais a cobertura vacinal”, alertou.

Cooperação e gestão integrada

Mantovani enfatizou a necessidade de cooperação entre municípios, estados e União para superar limitações estruturais. “Muitas vezes, municípios pequenos não conseguem oferecer especialidades médicas, e isso deve ser articulado com municípios vizinhos e Secretarias Estaduais para garantir o acesso”, sugeriu.

Ele concluiu reforçando a importância de lideranças comprometidas e bem preparadas para enfrentar os desafios da saúde pública no Brasil. “A gestão da saúde deve ser entendida como um compromisso de vida e bem-estar, e não apenas como um setor administrativo.”

Mantovani também explicou ao jornalista Cesar Mendes quais são os desafios dos prefeitos e vereadores para sintonizar a política ambiental do seu município com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/1981), sobretudo diante dos desafios dos efeitos das mudanças climáticas. Confira a entrevista completa aqui.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

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