Especialista avalia propostas dos candidatos a prefeito de Goiânia para a Educação

O presidente do Conselho Tutelar de Campinas e advogado especializado em Direito Público, Jorge Pereira, analisou nesta quarta-feira (31), as propostas dos candidatos a prefeito de Goiânia para a Educação.

Em entrevista concedida à rádio 730, durante o programa Cidadania em Destaque apresentado pela jornalista Cecília Barcelos, Jorge Pereira destacou a falta de vagas nas instituições municipais de ensino como principal carência da capital. “Hoje temos em Goiânia crianças de 7 anos, por exemplo, que não estudam porque não tem vaga. O planejamento da Secretaria Municipal de Educação não tem acompanhado o crescimento populacional, então a Educação é um grande desafio para o próximo prefeito. Vários bairros de Goiânia não tem escolas públicas suficientes para atender a demanda, como por exemplo o Jardim do Cerrado e o Residencial Buena Vista.”

No entanto, na opinião do especialista as necessidades da cidade não se resumem ao suprimento das vagas, falta priorizar a Educação como um todo.“Alguns Centros Municipais de Educação Infantil (Cemeis) foram construídos e não estão funcionando porque não tem servidores. Falta dar prioridade.”

Propostas

Com o objetivo de sanar as queixas da população e melhorar a qualidade do ensino público municipal da capital, os candidatos a prefeito de Goiânia declararam as propostas para a Educação em entrevistas concedidas à rádio 730.

Para zerar a falta de vagas nos Cemeis, a candidata Adriana Accorsi (PT) sugere que algumas unidades funcionem 24 horas. “O Cmei hoje é uma necessidade e a minha prioridade é que não haja crianças fora da escola. São cerca de 5 mil crianças de zero a três anos sem vagas, e quase duas mil crianças até sete anos sem vagas. Nós precisamos zerar o déficit de vagas. E mais do que funcionar 24 horas nós precisamos que os Cemeis e escolas sejam utilizados para práticas esportivas e culturais.”

Na análise de Jorge Pereira, zerar o déficit de vagas nos Cemeis é quase impossível. “ Eu acredito que zerar é quase impossível, porque vem muitas pessoas de outros estados também que procuram os Cemeis. Eu acredito que o problema de Goiânia hoje não é só Cemei, nós temos um déficit muito grande no ensino fundamental. Ela deveria ampliar a proposta também para o ensino fundamental.”

Flávio Sofiati (PSOL) diz ser contra o sistema de progressão continuada, que prevê, dentre outras características, a não – reprovação do aluno por um determinado período de tempo. “Eu sou muito pela autonômia da escola. Eu acho que a progressão continuada joga o problema da evasão escolar para debaixo do tapete. Pra melhorar essa questão da evasão e da marginalização de alunos reprovados, vale muito mais a pena a gente investir em um plano de carreira adequado as necessidades dos professores.”

O conselheiro tutelar reafirmou que a evolução da educação pública municipal perpassa a contratação de profissionais capacitados. “A prefeitura de Goiânia tem o Mais Educação, programa destinado aos alunos que têm mais dificuldades. A questão da progressão continuada gera bastante discussão, mas essa é uma discussão mais pedagógica.”

Djalma Araújo (REDE), defende a unificação de escolas.“Quem vai decidir sobre a unificação das escolas é a população. Só vou fazer se tiver um acordo com os eleitores, caso não tenha dinheiro nós vamos buscar dinheiro. Mas primeiro precisamos fazer o necessário, ampliar escolas e criar políticas para a juventude nos bairros.”

Segundo o especialista, o candidato deve se ater ao que é possível prometer e concretizar. “Eu acho que o candidato tem que prometer o possível. Sabemos que a prefeitura de Goiânia deve a muitos credores. Ele não fala de onde virá a verba né, e se você não consegue zerar a falta de vagas não tem como pensar outras coisas.”

O candidato Vanderlan Cardoso (PSB) aposta em parcerias para aumentar a disponibilidade de vagas nos Cemeis. “Se nós não usarmos as entidades filantrópicas e a prefeitura atuar como um órgão fiscalizador, não tem como resolver o problema de imediato. Nós vamos sim aumentar essas parcerias e a prefeitura vai ser o órgão fiscalizador.”

O conselheiro tutelar Jorge Pereira novamente assinala que o déficit de vagas na Educação não está restrito aos Cemeis. “As parcerias já existem. O que me preocupa é a ausência de propostas para zerar a falta de vagas no ensino fundamental. O que acontece é que a criança está saindo da creche com três anos e não tem pra onde ir.”

Delegado Waldir (PR) defende a despolitização da Educação e a criação de creches noturnas. “Vamos acabar com a influência política na Educação. O próximo secretário será escolhido pelos professores e servidores da Educação. As creches em Goiânia vão funcionar 12 meses e nós vamos contratar as pessoas que passaram no último concurso. E para as mães que trabalham e estudam vamos implantar as creches noturnas.”

Ao avaliar a proposta, Pereira questiona se o município tem, ou não, recursos suficientes para a instalação de creches noturnas. “Eu acho que o candidato tem que ter coerência, primeiro ele tem que saber aonde estão os problemas de Goiânia. Segundo ele tem que dizer de onde vai tirar recursos. Quanto aos servidores poderem escolher o secretário de Educação, sabemos que isso não vai acontecer.”

Os candidatos Iris Rezende (PMDB) e Francisco Júnior (PSD) não apresentaram propostas direcionadas a Educação durante as entrevistas concedidas à rádio 730.

Ouça a entrevista completa:

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