Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

Especialista revela que Amazônia passou a ser maior emissor de gases de efeito estufa do mundo

A Amazônia, em meio à severa seca e intensas queimadas no Norte do Brasil, emergiu como o maior emissor de gases de efeito estufa globalmente, de acordo com dados recentes do Copernicus, o programa de observação da Terra da União Europeia. O Sudoeste da Amazônia liderou as emissões de gases como o monóxido de carbono e aerossóis, que contribuem significativamente para o efeito estufa, conforme indicado pelo especialista Lucas Ferrante, doutor em biologia e pesquisador da USP e da Universidade Federal do Amazonas.

“A região se tornou a maior emissora de gases de efeito estufa devido ao avanço do desmatamento e às queimadas”, alerta Ferrante, que pesquisa os efeitos da ação humana sobre a Amazônia há mais de uma década. Camila Silva, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), e o professor Gustavo Inácio Moraes, da PUC-RS, alertam que essas emissões podem ter repercussões globais duradouras.

Moraes destaca que, embora as emissões atuais sejam atribuídas a uma temporada sazonal de queimadas, uma continuidade prolongada poderia resultar em uma tendência climática alarmante. “Os gases liberados contribuem para o aquecimento global, que aumenta os níveis do mar, altera o clima. Além disso, espécies de fauna e flora desaparecem”, alerta Silva.

Com mais de 82 mil focos de incêndio registrados de 1º de janeiro a 9 de setembro de 2024, a Amazônia já duplicou o número de queimadas em comparação ao mesmo período do ano anterior, ficando atrás apenas dos 85 mil focos de 2007, o recorde histórico. O jornal O Globo documentou a devastação ao longo de aproximadamente 1,6 mil quilômetros de rodovias, incluindo a BR-163 e a Transamazônica, observando o avanço das chamas sobre a floresta, pastos e áreas residenciais.

Jornada

Em Trairão (PA), na BR-163, uma família teve que evacuar sua casa para tentar conter as chamas com a ajuda de vizinhos e equipamentos improvisados. Desde agosto, a seca severa tem intensificado esses episódios.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que São Félix do Xingu (PA) lidera o número de focos de calor, com 4.988 pontos. O prefeito João Cleber de Souza Torres (MDB) atribui os incêndios à seca e à prática tradicional de queimada para agricultura.

“Tem muito fogo acidental e alguns podem ser criminosos. O pessoal põe fogo em pequenas roças e no quintal. A seca neste ano foi a mais severa, como não víamos desde a década de 1980. A última vez que choveu foi em maio”, disse.

A Terra Indígena Apyterewa, que enfrenta problemas com grileiros e garimpeiros, está sob vigilância intensa do Ibama, cujos agentes enfrentam resistência de invasores que iniciaram incêndios para obstruir as ações de fiscalização. A Polícia Federal já investiga 19 casos de incêndios criminosos na Amazônia e no Pantanal neste ano.

Situação crítica

No Parque Nacional do Jamanxim (PA), a situação é igualmente crítica, com o fogo avançando rapidamente durante a noite, causando problemas respiratórios devido à fumaça densa. Em Itaituba (PA), bois tentam escapar das chamas, enquanto a fumaça espessa obscurece o céu e transforma o sol em uma mancha avermelhada.

O distrito de Moraes Almeida (PA) também enfrenta problemas de visibilidade no aeroporto local devido à fumaça. “Sempre tem fumaça nessa época, mas não tanto quanto agora”, comentou Emilia Silva, que mora à beira da BR-163.

Além de suas serrarias e fazendas de gado, a região ainda lida com os efeitos devastadores das queimadas. O município de Novo Progresso (PA), conhecido pelo “Dia do Fogo” em 2019, enfrenta uma situação ainda mais crítica este ano, segundo o prefeito Gelson Dill (MDB).

“Moro aqui há 25 anos e não me lembro de ter vivido uma seca tão grande. A brigada de bombeiros mais próxima fica a 400 quilômetros. Estamos tentando usar os nossos caminhões pipas, mas eles não conseguem acesso às áreas”, contou.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

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