O discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a abertura do Debate Geral da 79ª sessão da Assembleia Geral, em 24 de setembro , destacou temas importantes para o mundo como as guerras, direitos humanos, desigualdades, discriminação, violência de gênero e mudanças climáticas. Mas diante do cenário de incertezas, Guterres destacou que o mundo está insustentável, mas que os desafios têm solução.
“Estou diante de vocês nesse turbilhão, convencido de duas verdades fundamentais: primeiro, o estado do nosso mundo é insustentável. Não podemos continuar assim. E, segundo, os desafios que enfrentamos têm solução. Mas isso exige que nos certifiquemos de que os mecanismos de solução de problemas internacionais realmente os resolvam”, disse.
Divisões geopolíticas
Guterres começou o discurso expressando preocupação com as guerras que estão em curso, afirmando que a humanidade está vivendo uma “transformação épica”, enquanto enfrenta desafios nunca vistos antes. Em sua fala, portanto, apontou que são desafios que exigem soluções globais.
O Secretário lembrou que a Cúpula do Futuro realizada entre 20 de agosto e 23 de setembro foi um primeiro passo para enfrentar os desafios complexos. A reunião contou com líderes dos 193 Estados-membros da ONU para buscar acordos internacionais para melhorar o presente e salvaguardar o futuro da humanidade na Terra.
Ao falar do objetivo da Cúpula, Guterres elencou três fatores que tornam o alcance da meta insustentável.
“Um mundo de impunidade – em que as violações e os abusos ameaçam a própria base do direito internacional e da Carta das Nações Unidas. Um mundo de desigualdade – em que as injustiças e as queixas ameaçam minar os países ou até mesmo levá-los ao limite. E um mundo de incertezas – em que riscos globais não gerenciados ameaçam nosso futuro de maneiras desconhecidas. Esses mundos de impunidade, desigualdade e incerteza estão conectados e em colisão”, afirmou.
Soluções
Em todos os problemas, António Guterres pontuou que os civis e as pessoas mais vulneráveis são as que mais sofrem as consequências e conclamou que o momento é oportuno para buscar “uma paz justa baseada na Carta da ONU, no direito internacional e nas resoluções da ONU”.
Como solução, ele preconiza mais financiamento na Agenda 2030 e para o cumprimento do Acordo de Paris. “Isto envolve os países do G20 liderando um estímulo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 500 bilhões de dólares por ano”, afirmou.
Saúde, sobretudo dos jovens, mudanças climáticas, principalmente sobre manter o limite global na temperatura de 1,5ºC, e a transição energética ganharam destaque no discurso. “Um futuro sem combustíveis fósseis é certo. Uma transição justa e rápida, não”, apontou.
Futuro que queremos
Apesar de pontuar os vários problemas que estão em curso no mundo dizendo que “hoje, nosso curso é insustentável”, o secretário-geral da ONU também foi realista quanto às soluções, afirmando que “não é o fim”.
“Em toda a história humana, vemos impérios surgindo e caindo; velhas certezas desmoronando; mudanças tectônicas nos assuntos globais. É do interesse de todos nós gerenciar as transformações épicas que estão ocorrendo; escolher o futuro que queremos e guiar nosso mundo em direção a ele”, disse.
Por fim, Guterres ressaltou que a união para o bem comum é possível. Então, reafirmou a Cúpula do Futuro como um caminho e local de unir forças para conduzir o mundo a um caminho mais sustentável.
“É o início de uma jornada, uma bússola no meio do turbilhão. Vamos continuar avançando. Vamos levar o nosso mundo em direção a menos impunidade, mais responsabilidade, menos desigualdade, mais justiça, menos incerteza e mais oportunidade. As pessoas do mundo estão olhando para nós e as gerações seguintes olharão para nós”, finalizou.
Leia o discurso na íntegra no site das Nações Unidas
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes.
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