Já imaginou a possibilidade de sentir cheiros num ambiente virtual? É o que promete um estudo com Inteligência Artificial (IA) que está em desenvolvimento na Universidade Federal de Goiás (UFG). O estudo é liderado pela professora Carolina Horta Andrade, da Faculdade de Farmácia (FF), e ele é o projeto SOFIA, sigla em inglês para Estrutura Sensorial Olfativa de IA Imersiva.
“A ideia surgiu justamente dessa questão imersiva. O olfato é um sentido tão importante quanto visão, tato, paladar e ele até então não está incluído nesses ambientes virtuais de realidade imersiva. E então nós observamos nisso uma oportunidade para tentar desenvolver uma inteligência artificial que conseguisse vincular no ambiente imersivo o aroma daquela imagem que está sendo veiculada naquele ambiente imersivo”, explicou.
Experiência imersiva
A ideia principal do projeto é que as pessoas sintam na experiência imersiva de realidade virtual o aroma da imagem que está sendo reproduzida. O princípio da ideia é então a simulação do aroma usando Inteligência Artificial, que se pretende estar acoplado em dispositivos de realidade aumentada que já existem. A professora contou que o projeto está sendo desenvolvido em três frentes.
“O olfato é uma sensação bastante complexa, então um dos focos do projeto é tentar entender ou decifrar um pouco mais essa complexidade. Então o cheiro das coisas é decorrente da interação de moléculas que são os aromas, que são moléculas pequenas, com moléculas maiores no nosso organismo, os chamados receptores olfativos”, disse.

Outra frente do projeto, afirmou Horta, é gerar um modelo de IA para predizer novos aromas, como por exemplo, saber o que uma determinada substância vai trazer de aroma.
“E a terceira frente é justamente integrar tudo isso em um device (dispositivo) que seria então acoplado aos óculos de realidade imersiva, de realidade virtual, para que possa então ser liberado aquele aroma relacionado a imagem que está sendo veiculada. Então ele tem que ter esse dispositivo que vai ser vinculado aos óculos de realidade virtual”, detalhou.
Possíveis aplicações
SOFIA significa “Sensorial Olfactory Framework Immersive AI”, uma inovação na transformação da nossa interação com tecnologias sensoriais. O projeto utiliza técnicas computacionais para possibilitar a imersão e possivelmente irá atender demandas de setores como terapias na saúde.
“As aplicações são inúmeras para vários setores como na saúde. Já existem terapias que usam realidade virtual imersiva, por exemplo, terapias psicológicas, distúrbios psiquiátricos, doenças neurodegenerativas, Parkinson e Alzheimer que já estão utilizando esses óculos de realidade imersiva. Mas quando você adiciona o cheiro alí você tem um ganho enorme, inclusive relacionado às emoções envolvidas”, disse.
A imersão também poderá atender outras áreas como o lazer. Carolina Horta citou que o cheiro pode mudar a experiência de uma pessoa num museu e disse que a experiência já está ocorrendo no Acre.
“A gente já está fazendo aplicações com o Museu da Borracha, no Acre. Além disso, esportes, indústria automobilística, indústria de perfumes e cosméticos. Então a gente tem aí inúmeras aplicações possíveis para essa tecnologia que está sendo desenvolvida”, destacou.
Fase de desenvolvimento
Liderado por Carolina Horta, o projeto SOFIA tem participação do Instituto de Informática (INF) e do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia). A professora explicou que ele está sendo desenvolvido dentro do Centro de Competência em Tecnologias Imersivas (AKCIT) da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
Atualmente o SOFIA está na fase de desenvolvimento, com seis meses de trabalho já realizados e estimativa para encerrar a primeira etapa em novento. “A gente já tem alguns trabalhos publicados, temos levado os resultados para vários congressos nacionais e internacionais, então ela já está em desenvolvimento. Nós estamos, inclusive, desenvolvendo esse device que vai ser acoplado no óculos”, contou.
Novembro é a primeira estimativa para que a tecnologia esteja desenvolvida e a etapa seguinte é a construção do protótipo com suas aplicações. Segundo Carolina Horta, o projeto é inédito no Brasil, mas há duas ideias parecidas em outros lugares do mundo.
“Em termos de mundo a gente compara a nossa tecnologia com duas tecnologias parecidas, mas não iguais. Estão sendo também desenvolvidas, uma delas já é comercializada por uma empresa no exterior, mas é tudo muito novo. É uma tecnologia que está chegando e a gente está seguindo essa tendência, então fomos a congressos para trazer essas ideias aqui para o Brasil”, disse.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de Qualidade e o ODS 09 – Indústria, inovação e infraestrutura.
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