As pessoas, individualmente e em família, agem mais contra a crise climática do que os governos, segundo aponta um estudo publicado na Nature Climate Change, em outubro. A informação surgiu da pesquisa de uma equipe internacional de pesquisadores que analisou resultados de quase 1500 estudos sobre problemas do clima.

Os governos aparecem em destaque quando o assunto é o planejamento ou os financiamentos em relação ao meio ambiente. Mas o estudo destaca e a coautora e professora na Universidade Estadual da Pensilvânia, Christine Kirchhof, ressalta que a maioria das ações partem das pessoas.

“Nas áreas rurais, especialmente na África ou no hemisfério sul, as pessoas estão fazendo o que podem – mudando as culturas para algo mais resistente, talvez mudando os meios de subsistência da agricultura para a pesca ou até mesmo migrando”.

Adaptação

A pesquisa mapeia globalmente a adaptação às alterações climáticas. O estudo analisou 1472 estudos da base de dados da GAMI e categorizou os resultados da seguinte forma: indivíduos ou famílias, sociedade civil, governo, instituições de governança internacionais ou multinacionais e setores privados. 

Assim, então, a análise aponta que as ações mais significativas e frequentes partem dos indivíduos ou das famílias. Um destaque da pesquisa é a política de casas a prova de enchentes nos Estados Unidos. Neste caso, o governo planeja a ação, mas quem executa são as pessoas que pagam pelas melhorias de suas residências.

Nesse sentido, Elphin Tom Joe, coautor do artigo, aponta que a implementação por parte de indivíduos tornam-se mais superficiais.

“Nossas descobertas sugerem uma falta de pré-condições para uma adaptação mais transformadora, o que exige mudança sistêmica e colaboração de vários atores, com base em um amplo apoio social e um acordo compartilhado sobre funções e responsabilidades: um contrato social para ações climáticas e transformações de sustentabilidade”.

Impacto

As pessoas estão mais preocupadas e conscientes acerca dos próprios comportamentos, observa Elphin. No entanto, o pesquisador argumenta que apesar da importância desta ação, o impacto é diferente quando parte do governo.

“Isso é necessário, mas também é necessária a ação de atores institucionais que possam coordenar uma adaptação de impacto mais amplo”, diz.

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