O Estado de Goiás iniciou o AlfaMais, um novo programa para reduzir índices de alfabetização incompleta nos estudantes das redes públicas de ensino. Para ter acesso ao nível de aprendizagem dessas crianças, uma prova diagnóstica foi aplicada e revelou que 66% dos estudantes do 2º ano são “pré-leitores”, ou seja, ainda não aprenderam a ler corretamente.

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Em entrevista à Sagres, o ex-prefeito de Sobral (CE) e diretor-executivo da Associação Bem Comum, professor Veveu Arruda, afirmou que o percentual é elevadíssimo, pois no 2º ano, quando a criança tem sete anos, todas deveriam ler de maneira fluente.

“O pré-leitor é aquela criança que você coloca 60 palavras na frente dela e ela não consegue ler mais que nove em um minuto. Esse aluno não identifica letras e não consegue entender o que é que aquela determinada palavra diz. O leitor inicial consegue ler mais que dez palavras, enquanto o leitor fluente é aquele que além de ler mais de 60 palavras, lê frases e compreende o que está sendo lido”, detalhou o professor.

Ouça a entrevista completa:

Veveu prestou consultoria à Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc) para a elaboração do projeto AlfaMais e classificou “como um feito importante” a aplicação da avaliação diagnóstica para todos os alunos de todas as escolas do Estado.

“Não se faz alteração na aprendizagem das crianças, pensando na equidade, sem conhecer a realidade, então essa decisão de fazer uma avaliação censitária e saber qual o nível de aprendizagem das crianças é absolutamente necessária para poder realizar uma ação que assegure a aprendizagem, ainda mais com o sentido da urgência que nós temos”, explicou o ex-prefeito.

Além dos percentual de 66% de pré-leitores, a avaliação também mostrou que 24,8% dos alunos são leitores iniciantes e 9,2% são leitores fluentes. Ou seja, a cada 10 alunos dentro de uma sala de aula no segundo ano, menos de um pode ser considerado um leitor fluente.

Veveu citou as principais consequências desses dados: “a neurociência identificou que essa criança conduz para o resto do seu itinerário formativo, obstruções e prejuízos. Não vai saber dominar ou conhecer os conteúdos das séries seguintes, afinal, não sabe ler, não sabe escrever e não sabe fazer uma simples conta de adição, então não vai compreender os próximos conteúdos”, relatou o professor que reforçou que as consequências seguem durante o crescimento e “não se remediam na vida adulta”.

Com a preocupação de que 90% das crianças não estão aprendendo a ler no momento certo da vida, o ex-prefeito de Sobral, cidade número um do País em um ranking que mede as oportunidades educacionais e também líder no ranking do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), explicou que é preciso haver o entendimento de que a educação é tão importante quanto a economia ou qualquer outro assunto.

“Pergunte aos gestores qual o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do seu município e quanto o município arrecada com o tributo, ele vai saber o total e as parcelas, quantas entram por mês e qual valor específico delas. E é dever dele saber isso. Mas, agora, porque é prioridade o gestor saber sobre o valor do recurso que entra e não é prioridade saber o problema da educação? No Ceará, criou se o ICMS da educação, com a ideia de vincular um percentual para os resultados educacionais”, exemplificou.

Confira o estudo:

Assista a entrevista no Sagres Sinal Aberto:

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