O Governo de Goiás criou um programa de alfabetização infantil, chamado AlfaMais. Em entrevista à Sagres, a Superintendente de Educação Infantil e Ensino Fundamental, Giselle Faria, detalhou quais são as metas do programa.

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“A alfabetização aqui no Estado de Goiás, requer um olhar bem cuidadoso da secretaria em alguns municípios que não tem nível de alfabetização satisfatório. Nós temos, a cada 100 crianças, seis desiste de continuar cursando o ensino fundamental por conta de não estarem alfabetizadas e com o aumentar das séries, esse número cresce. O programa AlfaMais Goiás, trata da alfabetização na idade certa, o que significa que nossos alunos terão que estar alfabetizados até o segundo ano do ensino fundamental, então é um programa que abrange todo o estado, porque a alfabetização deve acontecer nos primeiros anos de escolaridade do estudante”, explicou.

Superintendente de Educação Infantil e Ensino Fundamental, Giselle Faria (Foto: Sagres TV)

De acordo com a superintendente, o programa AlfaMais é um regime de colaboração, com o Estado e os municípios. Na próxima segunda-feira (30) será realizada a primeira grande ação do projeto nas escolas municipais de todo o Estado de Goiás.

“Vamos fazer uma avaliação de fluência e nessa avaliação, os estudantes vão ser avaliados na sua leitura. Então, todos os professores já foram cadastrados e por meio de um aplicativo no celular, o estudante vai fazer uma leitura do texto e o app vai dizer que tipo de leitura esse aluno tem, se é básica, mais fluente, então com essa leitura, o professor poderá ter o resultado de como esse aluno está conseguindo ler textos, frases, palavras etc”, destacou Giselle Faria.

Em Goiás muitas crianças ainda não foram alfabetizadas e Superintendente de Educação Infantil e Ensino Fundamental ressalta que a pandemia do novo coronavírus agravou o problema.

“Vamos imaginar que em 2020 eu já tinha um gráfico que me mostrava que grande parte dos alunos do Estado de Goiás na alfabetização, já saiam com a alfabetização básica, sabiam decodificar algumas palavras, mas tinham algumas dificuldades. Agora, você imagina com a pandemia, porque alfabetizar uma criança, um aluno, requer muito diálogo, muito contato entre os pares, muita reflexão a cerca da escrita, da leitura, porque alfabetizar é um processo que requer um trabalho muito árduo por parte do professor, que precisa ler com o aluno, colocar um para ler com o outro, então imagina como que isso pode ser feito durante a pandemia. É claro que os professores, guerreiros, trabalharam com os alunos de maneira online, mandaram atividades, mas não é a mesma coisa do que dentro do espaço escolar, que é de socialização, de diálogo, com a figura importante do professor”, pontuou.

“Mediante isso, a gente espera grandes problemas para alfabetizar todas essas crianças. Nós temos alunos que estavam na alfabetização e que por conta da pandemia, pararam de ir para escola e tiveram aulas não presenciais. No segundo ano, nós tínhamos estudantes que estavam concluindo o processo de alfabetização, porque ela não acontece num passo de mágica, é todo um processo árduo, difícil, que precisa de dois anos de um trabalho sistematizado para esse estudante alfabetizado”, continuou.

“No segundo ano que era necessário consolidar também, não foi consolidado, aí nós temos em 2021, esses dois anos (primeiro e segundo), mais o primeiro ano desse ano e o segundo ano deste ano. A escola está com quatro turmas que precisa investir na alfabetização, que precisa ser concluída. Então essa avaliação de fluência vai ajudar muito nesse processo de identificar quem são esses alunos que estão com dificuldades”, concluiu.

Giselle Faria frisa que o combate ao analfabetismo é um responsabilidade de todos. “Nós temos que pensar que a alfabetização é um problema de todos nós, do município, do estado, das universidades, dos empresários, porque os estudantes que estão nos municípios são do Estado de Goiás, então a gente entende que alfabetização não é só um dever do município”, finalizou.

Analfabetismo adulto

O analfabetismo é uma problema que atinge crianças e adultos, Em entrevista à Sagres, o Gerente de Educação de Jovens e Adultos, Samy Soubhe, explicou como funciona o programa de Alfabetização e Família da Seduc e destacou que a taxa de analfabetismo em Goiás é preocupante. Segundo Samy Soubhe, só em Goiânia, existem 12 mil domicílios com analfabetos adultos.

“No último cadastro que nós temos, que é o cadastro único de junho de 2020, eram 15% dos domicílios do estado de Goiás, o que representa 131.900 domicílios com pelo menos um analfabeto adulto. Nós temos a mostra por número de domicílios se eu colocar na média de pessoas por domicilio no estado de Goiás, nós vamos chegar em um número perto de 800 mil. É uma preocupação que nós temos, porque o estado de Goiás não está nas melhores colocações nesse indicador. Então estamos desenvolvendo projetos para mitigar a alfabetização das crianças, para que esse número não cresça no futuro, tanto para diminuir os que já estão adultos. Temos projetos embrionários, já em desenvolvimento, para a expansão em todos os estados”, detalhou.

Gerente de Educação de Jovens e Adultos, Samy Soubhe (Foto: Sagres TV)

O programa de Alfabetização e Família da Seduc começou a ser implantado antes da pandemia, no entanto, o isolamento social fez com que o projeto fosse paralisado.

“A alfabetização é exclusivamente presencial, não temos condições de alfabetizar um adulto a distância ou em atividades não presenciais. A pandemia barrou um pouco o crescimento do nosso projeto. Mas o Alfabetização e Família, que primeiramente está sendo implantado nos municípios com os maiores índices de vulnerabilidade, é parte do programa Goiás Social, do Governo Estadual. Esse projeto está sendo implantado inicialmente em 10 municípios ao mesmo tempo no mês de setembro e o objetivo é expandi-lo para todos os municípios goianos”, ressaltou.

O projeto do Governo Estadual funciona em parceria com as prefeituras dos municípios, que oferecem um apoio estrutural. Como transporte, local de funcionamento e alimentação. Samy Soubhe destaca que o combate ao analfabetismo adulto é um dos objetivos do Plano Estadual de Educação.

“Até o final do ano que vem temos o objetivo de atender 22 municípios. Temos um período muito curto para fazer esse programa rodar. Mas queremos atender essas 22 cidades, inclusive um bairro de alta vulnerabilidade de Goiânia. Esse projeto está dentro da nossa meta do Plano Estadual de Educação que é a redução anual de 5% no número de analfabetos”, concluiu.

Confira a íntegras das entrevistas com Giselle Faria e Samy Soubhe a partir de 1h40m: