Chamada de Juventudes do Brasil, uma pesquisa realizada pela fundação SM Brasil, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), analisa as percepções e realidades da juventude brasileira. Ao todo, foram entrevistados pessoalmente 1.740 jovens, entre 15 e 29 anos, residentes nas cinco regiões do Brasil.

Em entrevista à Sagres, nesta sexta-feira (29), a doutora em Educação e coordenadora da UERJ, psicóloga Ana Karina Brenner, detalhou que o estudo é um recorte brasileiro de uma investigação mais ampla e que envolve nove países. Além do Brasil, o estudo foi realizado na Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México, Peru e República Dominicana.

“Essa pesquisa foi realizada no ano de 2019, um momento bastante especial, porque foi antes da pandemia, que não sabíamos que aconteceria. Mas ela capta exatamente o momento de inflexão de políticas públicas de juventude que nós estávamos vendo um declínio há alguns anos e previamente à pandemia, que incide mais fortemente. Então, é uma pesquisa que também permite a gente peneirar um pouco os feitos pós pandemia, entender o que é produzido pela pandemia e o que já estava antes disso”, explicou a psicóloga.

Assista à entrevista na íntegra a seguir a partir de 00:04:30

A pesquisa coletou dados de jovens residentes em zonas urbanas e rurais do Brasil e abordou diversos aspectos da vida, como autopercepção, participação política, valores, perspectivas de futuro, principais atividades de cultura e lazer que realizam, dificuldades nessa realização, assim como religiosidade, migrações, diversidade social, igualdade de gênero, impacto das novas tecnologias e relações interpessoais. A partir da análise das respostas, a conclusão do estudo é de que o medo é o sentimento mais evidente nessa faixa etária.

“Os jovens percebem a sociedade brasileira como uma sociedade com mais dificuldade de lidar com a diversidade do que com eles próprios. Eles se entendem como jovens que desejam se ver em uma sociedade diversa e plural, em que migração seja compreendida como uma possibilidade interessante. Eles também tem o medo como uma grande questão em suas vidas. O medo é a percepção mais forte em relação a vários sentimentos que foram apresentados a eles nas entrevistas, especialmente o medo da violência”, completou a coordenadora.

Em relação ao mercado de trabalho, o levantamento aponta que 47% dos entrevistados considera ser mais difícil para as mulheres obterem uma promoção e quase metade, 48%, acredita que a presença das mulheres em cargos de responsabilidade e de poder político é rara.